sábado, 13 de agosto de 2022

CURTAS - ANALISANDO RÁPIDO

 

        No blog já são constados alguns textos bem curtinhos, crônicas bem-humoradas de fatos reais da série Cenas da Vida Urbana, crônicas do real, agora no canal Pensamentos no site Pingback (pingback.com/pensamentos). 
        Este aqui já aparece diferente. É Curtas - Analisando rápido, uma série de textos também curtos de análise sobre fatos e mesmo falas ouvidas ao acaso revelando posições políticas individuais, sem obrigatórias referências no final, embora estas possam aparecer em alguns assuntos para que o leitor tenha mais e melhores informações.
        Os textos curtos permitirão a colocação de vários informes diferentes, de caráter informativo, mas analítico. É formato novo e livra o leitor das leituras longas e enfadonhas. Ainda assim, permanece aberto a críticas aos conteúdos publicados, bem como sugestões. 
        Feita a apresentação, vamos aos casos de estreia.

Milícia vs Milícia

        Antigos esquadrões da morte, as milícias hoje despertam um inaudito temor entre os moradores das áreas por elas dominadas. Não só por sua atuação de holding em diversos serviços. É mais pelo regime de terror imposto à coletividade, continuamente extorquida para simplesmente sobreviver.
        As três principais facções são Liga da Justiça (a maior, de Magé, domina parte da zona oeste carioca e Baixada); Campinho (a menor, chefiada por Macaquinho) e Escritório do Crime, de Rio das Pedras e dominante nas favelas da Barra da Tijuca e Recreio. São inimigas entre si.
        Há 4 dias, Jerominho Cozzolino, tido como fundador da Liga, foi fuzilado à luz do dia. Depois, Borel é morto em Rio das Pedras. Enquanto a PCERJ inicia sua investigação sobre os envolvidos e o contexto dos crimes, o debate internáutico já afirma ser a segunda morte resposta direta à anterior. 
        Aponta-se que as mortes se ligam à velha disputa por novas áreas de domínio, em coerência com a conjectura dos internautas. E vale salientar que há envolvimento, direto ou indireto, com políticos bem conhecidos.
        Os Cozzolino são uma família tradicional de políticos de Magé e na Baixada. De vez em sempre um deles é eleito, seja para prefeito, vereador ou deputado estadual. Embora não esteja mais tão na mídia, a sua influência nessas regiões é grande se reflete na Liga da Justiça. 
        Por sua vez, a Escritório do Crime teve como seu mais alto mandante Adriano da Nóbrega, que ensinou Flávio Bolsonaro a atirar, foi condecorado por este e executado em 2021. Hoje, o chefe é outro velho amigo da família Bolsonaro, que com ele tem enriquecido de forma duvidosa: Fabrício Queiroz.
        Todo o contexto conjecturado sobre os crimes faz sentido, bem como os riscos do envolvimento de ou com políticos de peso. É certo que os fatos respinguem sobre os poderosos Bolsonaro, assim como outros, formando uma conjuntura ainda mais ameaçadora para as chances de reeleição de Jair.
        Para o presidente da República, a emenda sairia pior do que o soneto, mas o auxílio pode salvá-lo de cair de vez no abismo político. Ou não.

Para saber mais
- https://correiodopovo-al.com.br/geral/borel-apontado-como-chefe-da-milicia-em-rio-das-pedras-e-muzema-e-morto-pela-policia
- https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/08/05/Ex-vereador-apontado-como-fundador-de-mil%C3%ADcia-%C3%A9-morto-no-RJ
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Alerta! Bolsonaro sobe

        Desde seu início em agosto de 2021, as pesquisas de intenção de votos para 2022 à presidência da República tem mostrado certa margem de constância nas posições dos principais presidenciáveis. Mas agora, a menos de 2 meses do dia D, nova pesquisa da Quaest revela a dança numérica a refletir fatos recentes em momento decisivo.
        O principal motivo é a liberação dos auxílios emergenciais a pobres e caminhoneiros, e a sanção da lei do piso salarial da enfermagem. Agora ele está apenas 7% abaixo de Lula. O seu discurso político-religioso garante liderança acima dos 60% entre pentecostais e neopentecostais.
        Agora, ele enseja se voltar para duas entidades historicamente antagônicas entre si: Fiesp e CUT. Após palestra para a primeira, ele conseguiu a façanha de uni-la à CUT de estarem entre os mais de 800 mil assinantes da carta pró-democracia da Faculdade de Direito da USP. A Fiesp é tudo, só não aceita autoritarismo acima do seu.
        Normalmente, a elite empresarial prefere Bolsonaro por causa de Paulo Guedes. Mas sua política anarconeoliberal que diminuiu fortemente o mercado consumidor interno levou levou o empresariado a receber Lula para conhecer melhor as suas propostas. Daí a reunião citada.
        Bolsonaro se dispõe a atacar: quer ultrapassar Lula. Mas precisará preparar melhor seu discurso, pois Lula teve hoje nova reunião com a Fiesp, na qual arranhou mais um pouco a sua imagem, e ainda apresentou propostas de governo que parecem ter agradado os megaempresários.
        Enquanto Carluxo ajuda o pai divulgando novas distorções nas mídias bolsonaristas, cuja ética jornalística é duvidosa, no PT se acende a luz vermelha de alerta: a margem ficou muito estreita, após boa temporada com mais de 15% de diferença.
        Por segurança e espaço maior e mais diverso, Lula investe em canais de entrevistas e debates nas redes sociais, onde expõe seu natural carisma popular em causos, análises sociopolíticas e algumas propostas, garantindo recordes de audiência simultânea, curtidas e compartilhamentos.
        Ele sabe dos acontecimentos e acompanha as pesquisas. Sabe que as redes sociais não são tudo, mas se aproveita delas para maior alcance de público enquanto não volta às ruas com a patuleia e ainda não chegam os dias dos debates. E sabe que nessa semana haverá um jejum de pesquisas.
        Tudo isso traz um clima de nova incerteza eleitoral. Enquanto o empresariado reflete quem tem as melhores e efetivas propostas, a luz vermelha de alerta no PT pisca: a subida de Bolsonaro é perigo à vista.

Para saber mais
- https://theintercept.com/2022/08/06/bolsonaro-fiesp-cut-manifesto-democracia/
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Vá no Zap, Lula!

        Após anunciar desistência da corrida presidencial, Janones foi convidado por Lula para ampliar a rede de apoios e de eleitores. Tendo o petista aceitadas suas propostas, o ex acatou. Um contraponto ao aumento recente de poder eleitoral de Bolsonaro via liberação dos auxílios a pobres, caminhoneiros e taxistas.
        Observando os rumos tomados pelo petista, e mesmo aprovando os contatos bem-sucedidos, Janones declarou que ainda falta um espaço crucial para Lula conquistar para se aproximar mais do povo em momento de risco de segurança: o WhatsApp, o popular Zap.
        Faz inteiro sentido, e por uma razão de peso: aproximar-se mais do povo. O WhatsApp é hoje a ferramenta mais popular de diálogo virtual de mensagens, em tempo real, e suporta um sem número de endereços de fontes, arquivos de texto e imagens. Ainda supera o Telegram em número de acessos.
        O Telegram foi a ferramenta mais usada pelo Gabinete do Ódio pelos bolsonaristas para disparos massivos de fake news contra o PT em 2018. A má-fé ainda ocorre a pleno vapor, apesar da alteração na lei eleitoral sobre a responsabilidade dos provedores de internet pelas publicações.
        Certamente Janones se lembrou desse fato e tenha alertado Lula sobre isso tudo. A aposta, para a sua base popular, é a de mostrar as propostas voltadas à realidade da patuleia e mostrar as evidências das fake news dos adversários com base em fontes confiáveis e demonstrações das agências de checagem.
        Eis aí uma boa ideia proposta por Janones. Quiçá, alcance uma boa base eleitoral à espera dos contatos mais direto com o petista. Sendo assim... vá no Zap, Lula!

STF endurece

        Nesses dias em que se acirra a corrida dos presidenciáveis, o STF tem se reunido em torno dos processos de investigação sobre os malfeitos de Jair Bolsonaro durante o seu governo, em especial o ataque reiterado à segurança das urnas eletrônicas.
        Em verdade, são várias as ações de acusação ao presidente da República, cada qual indicando um malfeito diferente, tamanha a liberdade que o mandatário tem tido para praticá-los sem freios. Agora, o Supremo dá sinais de impaciência e já dá recados de "basta disso".
        Antes da ministra Rosa Weber assumir a presidência em 10/8, o ministro Edson Fachin, já em reta final de seu curto mandato à frente do TSE, havia respondido às investidas dos militares de Bolsonaro que "aqui quem manda são as forças desarmadas", ou seja, a vontade popular.
        Mais recentemente, o mesmo Fachin, já mais ao fim da sua passagem, botou para fora o general Ricardo Sant'Anna, que integrou o grupo montado para a fiscalização eleitoral deste ano. O motivo foi a divulgação de notícias falsas pelo milico sobre as eleições em suas redes sociais.  
        Em relação à Rosa Weber, que não demora muito a se aposentar, o malfeito contido no processo sob seu julgamento se refere aos insistentes ataques à confiabilidade da votação eletrônica, repassados aos seus fãs selvagens como se verdades absolutas fossem. A ação foi enviada à PGR.
        Como já sabemos, é certo que o engavetador-geral Augusto Aras vai fazer valer novamente a sua lealdade canina aos Bolsonaro condenando ao abandono a ação ao empoeiramento numa das gavetas de seu armário de arquivo. Isso, se não a tiver jogado fora, pois é possível esse descaramento nele.
        Mas, pelo seu temperamento e agora na posição máxima, Weber poderá mostrar um poder extra diante da conduta de Aras. Seguindo os exemplos recentes dos colegas Alexandre de Moraes e Edson Fachin, tornados inimigos de Bolsonaro, ela poderá mostrar a face de um STF mais duro.

Para saber mais
- https://www.cartacapital.com.br/cartaexpressa/rosa-manda-a-pgr-pedido-de-investigacao-de-bolsonaro-por-ataques-as-urnas/
- https://www1.folha.uol.com.br/poder/2022/08/tse-exclui-militar-de-grupo-de-fiscalizacao-das-eleicoes-por-divulgar-fake-news.shtml
- https://www.nexojornal.com.br/extra/2022/08/08/Fachin-exclui-de-comiss%C3%A3o-coronel-que-difundiu-fake-news
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Linda e triste Curitiba

        Há algum tempo, a Câmara de Vereadores de Curitiba protagonizou o processo de cassação do jovem vereador Renato Freitas (PT). O processo teria se baseado na suposta invasão de missa na igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, por um grupo popular liderado pelo petista.
        A igreja foi originalmente erguida por negros cristianizados no século XVI, e demolida com a fundação de Curitiba no final dos 1600's. Nos 1700's surgiu outra, também pelos escravos, que eram proibidos de ir à missa com os seus senhores. Daí o forte simbolismo para a população negra local.
        O vídeo do fato liderado por Freitas caiu na mídia como "invasão de missa", e atiçou a direita da vereança ao processo. Renato se defendeu contestando a edição do vídeo publicado, e foi endossado pela Diocese local, que revelou entrada pacífica do grupo APÓS a missa. Mas não adiantou.
        Com maioria a favor, Renato teve mandato cassado. A cassação não teve, claro, a necessária e correta atenção da grande mídia. O jovem entrou com ação na Justiça com o vídeo inteiro, prova suficiente para a sua vitoriosa recondução ao cargo, que sua base eleitora e o PT local comemoraram.
        Mas a Câmara não deixou barato: a CCJ rejeitou o novo recurso e seguiu com novo processo de cassação contra Freitas. Foi exitoso. Freitas então acabou tendo seus direitos políticos suspensos por 10 anos, dos quais dois deles correspondentes ao restante de seu mandato.
        O peso desproporcional da punição ao ato na igreja revela haver um fator mais forte por trás. Foi surpresa a eleição de um jovem pobre e negro black power na bolsonarista Curitiba. Mas, a um preço excepcionalmente alto. A cassação personifica a elite branca reacionária que define, há tempos, a vida sociopolítica local.
        Curitiba (em guarani, "pinheiro abundante", alusivo à exuberante floresta local de araucárias de outrora) tem uma vergonhosa história recente: sediou um núcleo nazista na época da guerra. A cassação de Freitas não foi só racista e aporofóbica, é uma herança maldita do que foi. Ah, Curitiba, tão linda e tão triste!

Para saber mais
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Curitiba#:~:text=Curitiba%20%C3%A9%20um%20munic%C3%ADpio%20brasileiro,sul%20de%20Bras%C3%ADlia%2C%20capital%20federal.
- https://www.brasildefato.com.br/2022/08/05/camara-de-curitiba-confirma-cassacao-e-renato-freitas-perde-direitos-politicos-por-10-anos
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Rejeição a Lula: racialização e aporofobia

        É inegável o natural apelo popular de Lula, dada a sua origem notável. Não por acaso segue a sua preferência entre as classes populares e minorias sociais, étnicas, mulheres e religiosas.
        Mas, em paralelo segue, em semelhante intensidade, a alto nível de rejeição a revelar importante parcela da sociedade: a elite branca. O que é interessante é que o maior nome do PT e da esquerda brasileira é também branco, e a elite sabe disso, mas a rejeição é solidificada.
        A motivação por trás disso é histórica e complexa. Como Luiz Gonzaga e Demerval Lacerda, Lula nasceu no vasto, semiárido e desprezado sertão do Nordeste. Mesmo branco, traz marcas mestiças. É muito inteligente, mas a escolaridade é baixa. E não para aí: nasceu e cresceu muito pobre, mesmo não sendo mais hoje.
        Sim, a elite branca descendente de barões da cana-de-açúcar, de minerais preciosos e do café odeia nordestinos sertanejos por tudo isso. A rejeição a Lula está em um mestiço semianalfabeto e pobre conseguir a façanha de ser político, conversar de boa com altas rodas intelectuais e econômicas e ainda ser o melhor governante do pós-ditadura. 

Para saber mais
https://theintercept.com/2022/08/09/lula-nordeste-racializacao-elite-preconceito/
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Espiões além da Abin

        Que Bolsonaro criaria meios persecutórios contra seus adversários políticos não é surpresa para ninguém. Depois de muita falácia criada para encobrir, hoje sabemos que a comitiva foi a Israel em 2020 para negociar a compra de um software chamado Pegasus.
        O Pegasus foi criado pelos israelenses para espionagem via rastreamento dos dados de movimentação de inimigos como palestinos, iranianos e outros árabes. No Brasil, tem sido usado para rastrear servidores públicos possíveis "detratores do governo", formando um dossiê de longa lista que parou no Ministério da Justiça do ex-ministro André Mendonça.
        Naturalmente, a ABIN (agência brasileira de inteligência) é a instituição dos espiões, ou aspones. Na era Bolsonaro, ela tem reforço técnico do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), versão moderna de SNI presidida pelo caquético general Augusto Heleno.
        Os servidores do GSI são, em maioria, militares do Exército. Eles transitam tranquila e livremente entre a ABIN e o GSI, obtendo e trocando informações de interesse do governo, com ou sem informações obtidas pelas investigações preliminares obtidas pela PF.
        Após o Pegasus veio outro software, o Celebrity. No projeto Excel de investigação, ele é usado pelas polícias civis estaduais e federal para rastreamento de mensagens e imagens apagadas de celulares apreendidos. Até aí, zero novidade. A novidade é a Marinha deter isso também. Não, calma...
        O Celebrity é utilizado pelos cientistas para rastreamento e levantamento de elementos naturais como recursos biológicos, geológicos e minerais em terra e no mar. Mas, tal como já ocorre nos EUA, no Brasil de Bolsonaro ele também é empregado para fins nada científicos.
        Portanto, o Celebrity entra como um reforço do Pegasus como nova ferramenta espiã do governo. E não será surpresa se soubermos de possível envolvimento da Aeronáutica nessa treta, que exporia plenamente a intenção persecutória de Bolsonaro a opositores para se manter mais tempo no poder, como nos tempos obscuros da ditadura militar.

Para saber mais
- theintercept.com - newsletter "A Marinha também deve explicações".
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Genocídio indígena e ecocídio: partes de um projeto

        Desde a colonização, a matança sistemática de indígenas ocasionou severa redução populacional destes no Brasil. As tardias políticas de proteção da população restante só vieram após a extinção de centenas de culturas e línguas ao longo do tempo. De 5 milhões estimados nos anos 1500, restariam só 350 mil em 1975, e quase 1 milhão nos anos 2010. Uma quase trégua.
        Mas, na era Bolsonaro, a matança de indígenas foi maximizada pelo incentivo de várias formas de proveito ilegal das terras públicas demarcadas protegidas, com direito a expulsão dos originários a bala e exploração sexual de meninas em fuga. Tudo isso, fora os mais de 1000 mortos pela C19.
        Com tudo isso, a situação dos grandes biomas está praticamente na irreversibilidade. Só em 2021, incêndios consumiram 40% do Pantanal, 35% do Cerrado e uns 20 mil campos de futebol de Amazônia segundo levantamentos por satélite da Nasa e correlatas europeias.
        E não vemos indício de frenagem. O médico indigenista Lucas Albertoni, que trabalhou com o colega assassinado Bruno Pereira, revelou uma preocupação: até 2/3 dos povos isolados morrem ou correm grave risco de morte após contato com invasores ou citadinos, por não serem imunes a doenças transmitidas por estes.
        Embora evitadas no debate público para evitar melindres, as missões de evangelização frequentes incentivadas pelo governo também contribuem pra isso. E matam também por ceifar deles a identidade ancestral e milenar que os relaciona intimamente com os recursos florestais. 
        Seria esperado que os comandos do Exército para a Amazônia pudessem coibir essas práticas e os contatos indesejados com os povos isolados. Mas, sob o jugo bolsonarista, eles cruzaram os braços.
        
Para saber mais:
https://theintercept.com/2022/07/05/entrevista-lucas-albertoni-povos-indigenas-isolados/
https://www.cartacapital.com.br/sociedade/indigenas-vao-a-justica-contra-missionarios-na-amazonia-para-impedir-genocidio/
https://reporterbrasil.org.br/2020/06/organizacoes-religiosas-dos-eua-mapeiam-indigenas-no-brasil-e-nao-interrompem-acoes-com-isolados-mesmo-durante-a-pandemia/
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Ignorância mata nossos macacos

        O vírus da varíola dos macacos (monkeypox em inglês) mal chegou ao Brasil por Rio de Janeiro e São Paulo, e só depois de um número rapidamente crescente de registros médicos se confirmou haver um contágio comunitário. A maior parte dos infectados pertence a classes populares.
        Enquanto por aqui já se contabilizavam centenas de confirmações, a OMS definiu a doença como emergência global, devido à confirmação oficial, emitida por governos de várias nações além da África, Europa e América do Norte, de transmissão horizontal do vírus. 
        A disseminação global da varíola dos macacos tem sido potencializada pelas migrações massivas decorrentes de guerra ou degradação ambiental nas regiões natais, gerando crise humanitária para a qual há atenção, mas nada de suficiente se fez para combater suas causas.
        Enquanto isso, no Brasil, outro problema igualmente grave e tão antigo quando a colonização também não tem merecida atenção das autoridades. Graças a ela, macacos têm sido mortos por quem teme a nova varíola. 
        Essa tragédia ecocida é um repeteco da anterior, que decorreu do surto de febre amarela em região do leste de Minas Gerais e adjacências (interior do RJ e ES), e no vale do Ribeira em São Paulo, onde a doença é endêmica.
        Detalhe: assim como em relação à febre amarela, os nossos macacos NÃO carregam o vírus dessa varíola. Nossos parentes caudados não são reservatórios naturais de nenhum desses vírus. Se contaminados, adoecem como nós e quase sempre morrem, no ambiente selvagem.
        Assim como no caso anterior, a ignorância protagoniza a matança dos nossos macacos mais uma vez. A diferença está na sua agudização num momento em que o ecocídio está liberado, no arrepio da lei. 

Para saber mais
https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2022/07/06/macacos-sao-encontrados-mortos-e-prefeitura-de-senador-canedo-suspeita-que-eles-foram-atacados-por-medo-da-variola.ghtml
- https://www.redebrasilatual.com.br/saude-e-ciencia/2022/08/ignorancia-e-medo-da-variola-provocam-onda-de-ataques-a-macacos/
- https://www.dw.com/pt-br/oms-condena-ataques-a-macacos-no-brasil-por-medo-de-var%C3%ADola/a-62766749
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