quinta-feira, 18 de agosto de 2022

CURTAS - ANÁLISES RÁPIDAS 2

 

        Esta é a segunda parte da série Curtas - análises rápidas, como uma experiência nova no blog. 
        Todas as imagens das publicações são obtidas do Google.
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Campanha da cristopatia

        A campanha oficial ainda nem se abriu, e já dá mostras do que virá. Entre todos os presidenciáveis, Lula e Bolsonaro se destacam, Enquanto um é sucesso entre os grupos de interesse, o outro segue estratégias em desespero.
        Para reverter a altíssima rejeição feminina, Jair Bolsonaro usa sua esposa Michele como isca para atrair as mulheres evangélicas, em paralelo aos disparos massivos de mentiras e factoides messiânicos para o público evangélico, ao arrepio da nova lei eleitoral.
        Nos púlpitos das grandes organizações evangélicas ou em outros eventos gospels, Michele discursa que o Palácio do Planalto "era dos demônios e agora é de Cristo", e que Lula "é do demônio", em alusão ao vídeo postado por ela no Instagram de Lula banhado em pipoca em sessão afro-brasileira.
        Nesse contexto delirante incluindo Lula, Michele pega carona na demonização do comunismo, calcando-o como uma alegoria fantástica que, na prática, imita a ala fundamentalista estadunidense na paranoia que liga o comunismo ao pânico moral, criando uma sopa de ingredientes desconexos.
        Além do discurso da intolerância religiosa, se insurge a ideia de que mulheres independentes e à altura dos homens "não são exemplos de mulheres cristãs". Coitadas das empregadas domésticas e de outras trabalhadoras que se viram como podem para sustentar suas famílias pobres.
        Além das mentiras de fatos políticos, os disparos em massa reforçam entre o público evangélico a mensagem da intolerância, revelando uma campanha ainda mais beligerante, misógina, intolerante e, pior que sim, cristofascista. Ou, se acharem melhor, cristopatia.

Para saber mais
- https://noticias.uol.com.br/colunas/jamil-chade/2022/08/10/com-intolerancia-religiosa-michelle-expoe-ao-ridiculo-a-diplomacia-do-pais.htm
- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2022/08/michelle-bolsonaro-ecoa-intolerancia-de-evangelicos-ao-repostar-lula-em-ritual-do-candomble.shtml
- https://www.brasildefato.com.br/2022/08/10/nao-vote-em-racista-leia-as-reacoes-aos-ataques-de-michelle-bolsonaro-as-religioes-afro 
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Cristopatia e seus culpados
 
        Como acabamos de ver, a campanha de Jair Bolsonaro assume de vez a sua faceta cristopática, mediante o uso da primeira-dama como valiosa isca para fisgar uma parcela importante do segmento evangélico: as mulheres. Faz pleno sentido.
        Conforme a moralidade cristã pentecostal e neopentecostal, a mulher é a principal fundadora e educadora familiar, daí se acreditar, no conservadorismo cultural, ser o mais alto papel social feminino. No discurso cristopata, como vimos, a mulher independente e nulípara não é o tipo ideal.
        Já se verificam perguntas por aí sobre por que essa convergência político-religiosa na campanha com essa faceta. Bem, vale lembrar de que Bolsonaro não é o primeiro a conversar com evangélicos para fins eleitorais. Lula, Dilma, Serra e até Haddad fizeram o mesmo. Com Bolsonaro, a novidade é a faceta fundamentalista.
        Cabe ressaltar que a fusão político-religiosa não surgiu do nada. É um reflexo da flexibilidade protestante em permitir pastores serem políticos de fato. Não seria um mal se o respeito aos limites da laicidade constitucional ocorresse desde o início. Aí, as bancadas bíblicas dos Legislativos federal e regionais são, sim, culpadas, por saberem desses limites.
        São culpadas por usar foro privilegiado para transformar as casas públicas em extensões das suas igrejas, em cultos e discursos moralistas gritantes, ao mesmo tempo que desprezam as prioridades mais urgentes para as necessidades da nação.
        Mas não são as únicas culpadas. Colegas e governantes têm sua parcela de culpa ao lhes dar a indevida atenção
        Mas não é a única culpada. Colegas dos Legislativos e os governantes têm sua parcela de culpa por dar indevida atenção para assuntos moralistas sem qualquer ligação com as prioridades da nação, como os flagelos socioeconômicos e a eterna precariedade dos serviços públicos essenciais.
        A atenção indevida elevou não só as lideranças políticas. Seus rebanhos também foram alçados a um patamar de destaque sem nenhuma razão. A fé não torna os cristãos melhores, a atenção arrazoada pode torná-los piores, às vezes arrogantes. Isso pode explicar o desprezo de alguns grupos por eles. 
        Além disso, políticos e imprensa são culpados por subestimar Bolsonaro a um "louco extremista" com discurso extremista, de apologia a caos e morte. Talvez por acharem que "não há como retroceder", sem lhe notar a psicopatia que o permitiu observar e se aproveitar dessa atenção indevida mencionada.
        Nunca se observou antes que candidatos adversários entre si se juntassem para derrotar Bolsonaro como nessa corrida eleitoral. Se a maioria da patuleia mantiver a consciência de agora, a derrota dele pelas urnas é certa. Mas até aí tudo bem. Já os efeitos nefastos e do bolsonarismo e da cristopatia vão durar um bom tempo à frente.

Nota: as fontes dessa análise são muita observação do cotidiano sociopolítico, conversas com pessoas de fé evangélica e reinterpretação de alguns vídeos de canais sérios e competentes
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2023 e o déficit do absurdo

        Nesses dias foi aprovada a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2023. Segundo a grande mídia virtual e impressa, o novo governo pegará um déficit bastante alto, devido à EC dos auxílios recentemente promulgada e que elevou o potencial eleitoral do presidente Jair Bolsonaro.
        Ainda segundo a grande mídia, o quantitativo total do déficit foi motivado pela EC dos auxílios que furou a bolha do teto dos gastos públicos, ao leve sopro no salário mínimo e às perversões das emendas ao relator e orçamento secreto, somando algo em torno de R$ 66 bilhões.
        Não bastasse ser alto o valor desse déficit, vale salientar que a grande mídia tem comemorado o lucro recorde dos bancos em quase R$ 70 bilhões, segundo declaração do sinistro Paulo Guedes. Até descobrirmos de tão altos, são valores subestimados.
        Em vídeo no Youtube, o ex-banqueiro, economista, escritor Eduardo Moreira disse que o governo causou um rombo no tesouro público muito maior do que o midiático, de mais de R$ 150 bilhões. A outra mentira também é o valor dos lucros dos bancos: o total real é de R$ 132 bilhões em 2021. É uma pancada no estômago no país da fome.
        Na teoria fria da economia, o lucro dos bancos não é incluso entre os fatores do déficit para o ano seguinte. Mas deveria entrar. Pois é o Banco Central que decide repassar parte do tesouro (PIB) para o montante da dívida pública, destinada a mimar o sistema financeiro. 
        A estratégia eleitoreira pode frustrar Bolsonaro no final, mas deixará um desafiador legado para o novo governante em 2023. Temas sensíveis como verbas para serviços públicos essenciais, programas sociais em geral, valorização do salário mínimo e salário de servidores públicos estão ameaçados. 
        Sim, 2023 será o ano em que o déficit do absurdo será finalmente do conhecimento do povo como a maior façanha antieconômica do governo Bolsonaro. Para reverter o buraco, serão necessários muito esforço e uma inteligência política tão absurda quanto o rombo.

Para saber mais
https://www.youtube.com/watch?v=xfXkKKrFu1Q (Eduardo Moreira- Guedes e Bolsonaro mentiram para você!)
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Efeito Janones (2ª parte)

        Ao fazer parte da rede de políticos apoiadores de Lula, o deputado mineiro André Janones mostrou a que veio. Como descrito no artigo da primeira parte da série, ele cobrou de Lula que se aproximasse do povão para falar de suas propostas e desmentir factoides em linguagem simples e popular. Na esfera virtual, pelos populares "Zap" e Telegram.
       Em verdade, a ideia tuitada de Janones foi um aviso crítico construtivo para toda a esquerda, para sair da bolha do academicismo que a tem caracterizado há muitos anos. A restrição aos sofisticados discursos de cátedra a tem engessado e afastado da base popular que a inspira. Agora é hora de partir para a prática.
        Não é para menos. Os bolsonaristas dominam essa esfera com facilidade e disseminam mentiras velhas e novas, com efeitos favoráveis aos Bolsonaro. Janones aponta que a convergência do contra-ataque para as citadas ferramentas é o meio que falta para evitar a perigosa virada do jogo eleitoral.
        A tática pelo visto deu efeito. A começar pela reação desesperada da equipe de Bolsonaro com a tuitada e o consentimento da equipe de Lula e bases mititantes para conquistar esses espaços. E como empurrão, a Carta do Povo de Eduardo Moreira já bomba, com crescente engajamento popular.
        Esse planejamento se refletiu também nas primeiras pesquisas da semana que começa: para 
já se reflete nas primeiras pesquisas da semana, com nova subida de Lula aumentando a distância em relação a Bolsonaro. 
        Até parece que Lula estava adivinhando o que viria quando o convidou para ampliar a rede de apoios políticos. É a segunda parte do efeito Janones.

Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=eOwj5WJ6qwY (Galãs Feios - Janones critica discurso elitista da carta para a democracia)
- https://www.cartacapital.com.br/politica/fsb-lula-volta-a-crescer-e-amplia-vantagem-sobre-bolsonaro
- https://www.youtube.com/watch?v=uSOvAT6tEgY (canal Desmascarando - nova subida de Lula)
- https://www.youtube.com/watch?v=K21TbjfNUXI (Eduardo Moreira - Carta do Povo, em corte de live)
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Vai que é tua, Xandão!

        O ministro do STF Alexandre de Moraes tomou posse da presidência do TSE. Diferente das posses anteriores, a de Moraes viralizou como matéria principal nos noticiosos de todos os portes e tendências. Não seria para menos mesmo. E não faltaram momentos inusitados e aplausos de pé pela plateia de políticos e... embaixadores.
        Em longos 2 anos Bolsonaro e Moraes tiveram um embate sem tréguas, por culpa exclusiva do primeiro, por incitar atos coletivos contra as instituições em geral, disseminação de mentiras em redes sociais e encontros públicos, e caos social amplo, atentando contra a República e a democracia.
        Em seu discurso de posse, Alexandre mostrou o tom característico de sua têmpera de xerife. Ao anunciar a posse de Moraes, o corregedor eleitoral Marcos Campbell Marques frisou: "ninguém melhor do que ele para conduzir as eleições de modo firme". Um recado direto para os Bolsonaro.
        Incômodos- acompanhado da primeira-dama e do filho Carlos, Bolsonaro foi protocolar sentando-se ao lado de Moraes. Carlos ficou entre a plateia e não aplaudiu em nenhum momento. Os três saíram de fininho, ignorados pelos demais, durante os cumprimentos finais e fotos no pós-cerimônia. 
        A conduta sisuda e protocolar de Bolsonaro não disfarçou seu visível incômodo com os recados diretos dos discursos de Campbell Marques e de Moraes, e com as presenças dos inimigos políticos petistas Lula e Dilma, nas primeiras cadeiras bem à sua frente.
        Talvez com exceção de Temer, os ex-presidentes pareciam plenos e felizes. Perceberam o recado para os Bolsonaro. Quanto ao sorriso de Dilma, ela compreendeu quando Marques apontou a deposição em 2016 como "fato extremo", enquanto o sisudo Temer o tempo todo evitou olhar para a sua esquerda.
        Alexandre de Moraes na presidência do TSE pode gerar efeitos importantes, talvez o principal deles o de talvez intimidar o presidente Bolsonaro e os militares mais bolsonaristas a moderarem no tom. Agora é a hora do xerife. Vai que é tua, Xandão!
        PS: antes da solenidade, Lula foi adulado pelos convidados em geral, inclusive embaixadores e graúdos do Judiciário, e alvo de olhares admirados em frente a Moraes e Bolsonaro. Este último teve que guardar solenemente a sua raiva até ir embora saindo (literalmente) pela porta dos fundos.
        
Para saber mais
- https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2022/08/16/alexandre-de-moraes-toma-posse-no-tse-e-enaltece-a-confianca-no-voto-eletronico
- https://www.migalhas.com.br/quentes/371815/confira-memes-da-posse-de-alexandre-de-moraes-na-presidencia-do-tse
- https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/08/16/ninguem-melhor-que-moraes-para-conduzir-as-eleicoes-de-modo-firme-diz-corregedor-eleitoral.ghtml
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Ameaça de uberização

        Desde os anos 2000, a internet tornou possível o boom de ocupações de entregas de bens e serviços, graças à inovação do sistema e-commerce, maximizado pela pandemia de C19. Até aí, tudo bem, absorveu muita gente antes sem ocupação. Mas isso também envolveu alguns aspectos negativos, a serem explicados a seguir.
        No Brasil, a legislação trabalhista já reconhecia o serviço de entregador, uma profissão inexigível de alta escolaridade ou qualificação específica. Entretanto, muitos tinham vínculo informal com seus empregadores, principalmente no e-commerce, devido à frequente inexistência de sedes físicas.
        Os altos índices de informalidade na área constituíram para o ex-presidente Michel Temer a isca ideológica de sua política mercantilista, vista, portanto, como justificativa de "adaptar a lei trabalhista às exigências do mercado moderno e eletrônico, visando mais empregos": a reforma trabalhista.
        Em vigor desde 2017, a reforma trabalhista retirou vários direitos trabalhistas. Ou, quiçá, transferiu mais direitos para os empregadores para desonerar os encargos com empregados formais. Ainda previu novos vínculos trabalhistas com e-empresas sem sedes físicas, via aplicativos de celular.
        O sucessor Jair Bolsonaro e seu fiel ministro Paulo Guedes ainda viram "direitos excessivos" dos trabalhadores, dissolvendo mais alguns com novas alterações da lei de 2017. A moda das alterações bolsonaristas é a de "parceiro autônomo", ou "uberizado" entre seus críticos.
        Embora seja formal e garanta direitos resquiciais, a uberização é um vínculo frágil e precário, cuja natureza muitos "parceiros" mal compreendem. Para obter o valor de um SM, o colaborador por app tem que trabalhar em média até 6-8h semanais a mais do que um trabalhador de 40h.
         Como o Congresso e o governo já se apressam em votar a PEC32 (reforma administrativa, que findaria o RJU), o especialista Ricardo Antunes teme que os servidores públicos, já ameaçados há tempos, sejam convertidos à precarizada CLT, ou mesmo uberizados.
        Imaginem, um Estado completamente uberizado.  Será que sobrevive? Do pouco que sabemos, nem mesmo nos decantados EUA isso acontece.

Para saber mais
https://operamundi.uol.com.br/20-minutos/76151/ricardo-antunes-se-nao-lutarmos-todos-nos-seremos-uberizados
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Por que investigar o caso Marielle é um bem de todos?

        Negra e lésbica casada, a carioca Marielle Franco saiu do Complexo da Maré, onde cresceu, para estrear na política (PSOL) pela Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, ao ser eleita em 2016. Ela foi executada a tiros de fuzil, com o seu motorista Anderson, em rua da Lapa após um encontro com mulheres da periferia no citado e famoso bairro boêmio do centro da cidade.
        Da natureza da execução nem é preciso falar, pois já sabemos como foi, inclusive de sua autoria, Ronnie Lessa, ligado à milícia Escritório do Crime, de Rio das Pedras. Até aí, tudo bem. Mas isso é só a ponta inicial da investigação, pois tudo evidenciou que Lessa o fez a mando de alguém. E é aí que a PF se deparou com um problema.
        A mando de "autoridades superiores", a investigação em torno do crime foi interrompida, e delegados "rebeldes" tiveram suas atividades impedidas por exoneração ou "sumiço". Da evidência a patuleia carioca já suspeitava: era mando de alguém poderoso. Ou alguéns. E desde então não se investiga mais o contexto e os envolvidos "superiores" do crime.
        O que se revela um problema mais amplo do que uma questão da identidade da patuleia periférica e das famílias de policiais mortos que Marielle ajudava. É mais do que o simbólico Dia Marielle Franco de Luta Contra o Genocídio da População Negra e Periférica. É uma luta que envolve todos nós, a eficiência e seriedade institucionais e a sobrevivência da democracia.

Para saber mais
https://operamundi.uol.com.br/web-story/marielle-franco-todas-lutas-sao-nossas/
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A luta pela independência continua

        Segundo a historiografia oficial, em 7 de setembro de 1822 o então aspirante a imperador D. Pedro I, acompanhado de um grupo da cavalaria militar que o escoltava, a independência do Brasil. Apesar de Portugal só reconhecer o novo status mais tarde no mesmo ano, o dia 7/9 se tornaria especial para os brasileiros desde então.
        Desde que a data foi instituída pelo império nascente, a sua comemoração foi manifestada em desfile cívico, inicialmente restrita a militares, e depois nas poucas escolas básicas existentes, com a incorporação dos Hinos Nacional e da Independência. Atualmente, o desfile comemorativo só é obrigatório entre militares, incluindo escolas.
        Vale salientar que essa comemoração é da Independência relativa à Coroa Portuguesa, à qual a nossa querida Pindorama foi submetida a três longos séculos de exploração massiva de recursos biológicos e minerais, com uso da escravocracia. Sem explorar criticamente a nossa soberania, representada por tantos brazucas ilustres.
        Essa lacuna revela um importante problema educacional, no que se refere à consciência. A ditadura militar e o governo Bolsonaro são os dois principais exemplos de como a nossa noção de independência serve como maquiagem para um continuado mecanismo de colonização não oficial. 
        Essa neocolonização se revela na severa dependência econômica em que o Brasil se encontra, tendo que obedecer aos interesses do mercado financeiro internacional. Quanto os EUA, além do capital, ainda se repete a história anterior ao do Império, com a entrega de nossa rudimentar soberania. 
        Um estado de coisas que Bolsonaro, perto do fim de seu mandato,  pretende manter através do sequestro do dia 7/9 com as intenções mais escusas possíveis.

Para saber mais
https://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2022/08/centrais-200-nomes-independencia-7-de-setembro/
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A Petrobrás e o Brasil em caso de reeleição

        No sobe e desce dos números da eleição de 2022, Lula e Bolsonaro têm se distanciado e se aproximado diversas vezes. Nesse momento, estamos em gradual novo distanciamento, mas ainda muito tímido, indicando a necessidade de Lula reconquistar os segmentos mais resistentes ao seu retorno.
        Ainda que o contexto seja bastante complexo, tal como o próprio Brasil, já percebemos que o fator de maior peso para a manutenção do peso eleitoral de Bolsonaro está na disseminação de fake news, ultimamente aquecida com temas de teor religioso, direcionada para o segmento evangélico pentecostal e neopentecostal.
        Embora sejam importantes no que tange ao progressivo aproximar do que promete ser o mais acalorado pleito eleitoral desde a redemocratização, a abordagem dos impactos das notícias falsas sobre o resultado das eleições e a distorção educativa das mesmas andam encobrindo um perigo importante, em caso de reeleição de Bolsonaro.
        O perigo está em um novo olhar ao destino da Petrobrás. Bem, como já sabemos, o governo Bolsonaro não é o primeiro a ambicionar a privatização da nossa petrolífera. Collor e Fernando Henrique já deram sinais, sem sucesso, e a ideia voltou a ser sinalizada com mais frequência após a lacuna petista. E Guedes tem se mostrado muito, mas muito ambicioso.
        Não é para menos. Hoje, quase 70% das ações da petrolífera estão em mãos de acionistas do mercado financeiro internacional, sustentados principalmente pela grana pública repassada pelo próprio governo federal, cujas ações são "mais caras" do que as estrangeiras graças aos aumentos absurdos dos combustíveis para o consumo interno.
        Para Guedes, o atual status da empresa, após o lucro recorde de R$ 60 bilhões só no primeiro semestre de 2022, a deixou "no ponto certo para ser privatizada", após a entrega de refinarias e da fábrica de fertilizantes, esta última hoje nas mãos de Putin. 
        O detalhe, que deixou o influencer Eduardo Moreira pistola, é a ideia por trás da declaração supracitada do sinistro Guedes. Em verdade, se o governo for reeleito, ele vai doar a Petrobrás ao exterior. Isso mesmo, literalmente, doar um patrimônio nacional, fruto de um movimento pelo petróleo 100% nacional iniciado há quase um século.
        Moreira (link do 2º vídeo) disse que o plano de doação é uma aventura mais temerária do que já o é a privataria em si. Tendo com base a informação de um analista sério do Ministério da Economia, o plano de Bolsonaro e Guedes arrisca a condenar um patrimônio nacional dos mais estratégicos e símbolo de soberania a virar pó. E, com ele, o próprio país.

Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=aQ3ZRiLqsGs (Eduardo Moreira - a letra real e difícil de engolir sobre a Petrobras)
- https://www.facebook.com/eduardomoreirabrasil/videos/segredo-revelado-sobre-o-plano-do-bolsonaro/1630857280452119/ (o verdadeiro plano de Bolsonaro e Guedes para a Petrobrás)
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