quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Análise: gestão pública e privada é a mesma coisa?

 
        Para a patuleia, a Nova República virou sinônimo de redemocratização ou pós-ditadura, com José Sarney como o primeiro presidente, substituindo Tancredo Neves, então falecido após ser escolhido pelo Colégio Eleitoral parlamentar.
        Mas, a partir de Collor em 1990, o primeiro eleito pelo povo, vieram significados novos, como a criação do SUS e leis visando modernizar e humanizar o Estado.
        Essas leis versam sobre a modernização do modelo de gestão das instituições públicas e admissão e gestão de pessoas. Para os governos Collor e FHC, o modelo de gestão estatal ficou “deficiente para a demanda pública”.
        Debates sobre gestão de pessoas na administração de empresas, tendo o Idalberto Chiavenatto como referência brazuca, criaram a máxima “gerir o público como se gere o privado”, que inspirou Collor a criar leis e FHC privatizar várias entidades públicas.
        O problema é que essa máxima perde consistência a partir de três grandes fatores: a origem dos recursos, o objetivo e a aquisição de material.

Origem dos recursos
        Entidades da AP¹ direta e indireta (capital 100% público) vivem dos impostos pagos pela patuleia. Ações públicas das de economia mista idem, fora a venda de bens como combustíveis (BR), taxas de contas e movimentos bancários e compras a créditos em bancos estatais.
         A princípio, empresas privadas lucram com a venda de bens e serviços, mas recebem créditos públicos em tempos de crises que afetam as camadas consumidoras. As de maiores porte investem seus lucros em ações no mercado financeiro.
        Mas há casos em que o buraco não só é mais embaixo como é outro: gigantes do mercado investem em ações aqui e lá fora, e ainda sugam títulos da dívida pública. Pode até não ser ilegal, mas é moralmente injusto e inaceitável.

Objetivo
        O mister das entidades públicas em geral é prestar serviços sociais de grande demanda como educação, saúde, segurança, abastecimento (água e Ceasas) urbano, subsolo, meio ambiente, infraestrutura (estradas, escolas e universidades, hospitais, etc.). 
        Basicamente, a iniciativa privada vende bens ou serviços disponíveis. Terceirizadas de RHs² "alugam" seu pessoal visando sanar lacunas nas instituições/empresas contratantes para operar serviços diversos por contrato determinado.
        Mas a iniciativa privada também deve ter responsabilidade social, pelo respeito às leis sobre a aceitação da diversidade de clientes e de funcionários, na promoção educativa e cultural, e também contribuições para a preservação ambiental.
        
Aquisição de material
        Na seara pública, a compra é por licitação, após aprovação de itens por pessoal qualificado. Muito burocrático, o processo demanda competição entre os fabricantes. Outro processo é o comodato, um tipo burocrático de aluguel.
        Na seara privada, a aquisição é direta, por atacado e com burocracia própria para PJs. Por exemplo, pequenos comerciantes e dentistas adquirem o que necessitam diretamente do mercadão de atacarejo e da loja de produtos hospitalares, respectivamente.

Contratação e regime trabalhista
        Candidatos a servidor fazem provas gerais e específicas e análise de título em concurso público. Aprovados, devem apresentar comprovantes de escolaridade/ qualificação e, se exigido, experiência prévia.
        Na esfera privada é mais simples. O candidato é chamado após aprovação em análise de curriculum vitae previamente entregue à empresa, e avaliado em entrevista. Pode haver prova para casos específicos.
        Em comum, público e privado convergem em exigência de escolaridade/qualificação comprovada, conhecimento em automação básica e entrevista detalhada por psicólogo para análise de expressão verbal e corporal.
        As entidades da AP direta e indireta, fundações públicas e autarquias contratam pela Lei 8112/1990, o Estatuto do Servidor Público, que regra sobre concursos públicos, posse de cargos, estabilidade, proventos, realocação, remoção, transferência, exoneração e seus motivos, etc.
        Empresas públicas (CEF, Correios) e de economia mista (Petrobras, BB) contratam pela CLT, tal como na iniciativa privada. 

E a gestão de pessoas, é a mesma coisa? Reflexões
          Esse é o ponto de convergência entre o público e o privado.
        Uma norma (1996) sobre atendimento humanizado e ético prevê a capacitação de servidores pra prestar serviços mais eficientes e ágeis, com ajuda automatizada. Em si não justifica isentar os gestores, muito menos a privatização, objetivo final dos liberais.
        Isentar os gestores públicos de se modernizarem tem perpetuado relações de poder e dominação que caracterizam assédios morais verificados tanto no serviço privado quanto no público. A capacitação destes para desenvolver relações mais humanizadas é necessária para a motivação dos subordinados.
        Portanto, a qualificação deve ser avaliada além do diploma para evitar a meritocracia, mito que tanto nega oportunidade a potenciais bons profissionais e dá lugar a apaniguados duvidosos, gerando assédios sobre bons trabalhadores nos setores público e privado.
        Ainda assim, a gestão de pessoas não significa que administrar ente público deva ser como no privado, e nem privatização. Apenas justifica a capacitação, a partir dos gestores, para um atendimento mais moderno e eficiente. Os poderes públicos – e por que não, os privados também – agradecem.

Notas da autoria
¹ Sigla de Administração Pública.
² RH = recursos humanos (em plural no texto).

Fonte: reflexão a partir de leituras e vídeos de fontes diversas relacionadas à privatização.


CURTAS - ANÁLISES RÁPIDAS 11

 
Teto dos Gastos, o natimorto

        As causas da deposição de Dilma Rousseff com base em problemas de seu governo ou na falácia de pedalada fiscal caíram por terra tão logo Michel Temer tomou o cargo de presidente, e fez um dos governos mais antissociais da história da Nova República.
        Nos dois anos e meio da era Temer, três reformas foram propostas, e duas delas foram aprovadas plenamente: a da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a do Teto dos Gastos públicos (EC55).
        Ambas as reformas já foram abordadas no blog, nas suas épocas de publicação e vigor. Mas, dentro da era Bolsonaro, a do teto teve uma abordagem comparativamente mais superficial merecendo, portanto, uma análise reflexiva mais profunda.
        Sabemos que, em tese, a EC55 foi promulgada em 2016 com o objetivo de limitar os gastos públicos em geral dentro da inflação oficial do ano anterior. Com isso, se preconizou cuidado. Mas, sabemos que isso foi só da boca para fora.
        Poucos perceberam que houve aumento salarial acima da inflação para servidores de elite, mas os salários dos estratos medianos e mais baixos, já defasados, foram congelados desde 2016 até hoje. Fora os cortes de verbas dos serviços essenciais e benefícios.
        Mesmo assim, as ultrapassagens aos limites impostos pelo teto foram várias, para cartões corporativos, passaportes diplomáticos, viagens de autoridades públicas, compras de muitos imóveis de luxo, salários surreais de milicos, investimentos indevidos em offshores, orçamento secreto e escândalos em saúde e educação nos dão luz sobre os rombos.
        O próprio Temer fez rombos na EC55, mas a era Bolsonaro a arrombou muito mais, com ao menos 4 arrombamentos, segundo as mídias. Chamam atenção salários dos milicos, torra mensal de R$ 1,2 milhão no cartão corporativo presidencial, orçamento secreto e compra superfaturada de carne, leite condensado e outros mimos aos milicos.
        Agora, a equipe de transição do presidente eleito Lula já discute com o parlamento e juristas sobre a PEC que permite gasto com o novo Bolsa-Família de R$ 600 e beneficio adicional por criança, por 4 anos. Fora do teto e com segurança jurídica.
        Retirando-se essa exceção jurídica da nova PEC de Lula, tudo que foi citado nos leva a recordar da fala de um deputado em 2018: “as leis são como mulheres, são feitas para serem violadas”¹. Só que, bem mais do que violada, a EC do teto dos gastos já nasceu morta.

Nota da autoria
¹ Declaração feita por um deputado na era Temer, sobre as transgressões às leis por políticos (via telejornallístico).

Para saber mais
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Na eleição de Lula, a sobrevida da democracia

        A tolerância é harmonia na diferença. Não é apenas um dever moral, como também uma exigência política. A tolerância é a virtude que faz possível a paz e contribui para substituir a cultura da guerra pela cultura da paz”.
       A citação acima foi dita pela presidente do STF Rosa Weber, aludindo à Declaração de Princípios sobre a Tolerância, aprovada em 1995. A declaração foi feita na abertura de nova sessão no Supremo para comemorar no dia 16 o Dia Internacional da Tolerância, proclamada pela UNESCO (órgão da ONU em educação, ciência e cultura).
        O propósito de Weber na fala não se restringiu às referências acima. Ela também associou aos ataques de ódio a colegas do STF em Nova York, por brasileiros bolsominions lá residentes, quando eles iam e saíram de um evento a portas fechadas num hotel.
        Em relação aos bolsominions inconformados com a sua vitória, o eleito Lula também se manifestou. Ele considerou lamentável a manutenção de um protesto por inconformismo inglório ou por um delirante apelo de golpe militar.
        Segundo Lula, “Eles não sabem nem o que pedem. Eu se pudesse dizer para essas pessoas, voltem para casa. Democracia é isso. Uma ganha, outro perde. Um ri, outro chora. Não sejam violentos com quem pensa diferente de vocês. Vamos respeitar quem não gosta do candidato que nós gostamos”.
        Ele ainda completou: “A democracia é isso. É viver na diversidade. Não peço pra ninguém gostar de mim. Só peço que respeitem o resultado eleitoral. Nós vencemos a eleição, vamos recuperar esse país e vou precisar muito de cada um de vocês”.
        A fala de Lula coaduna também com outra fala de Weber: “A democracia, fundada no pluralismo de ideias e opiniões, a legitimar o dissenso, mostra-se absolutamente incompatível com atos de intolerância e violência, inclusive moral, contra qualquer cidadão”.
        Nessas afirmações são perceptíveis dois fundamentos claros. O primeiro retrata o propósito antidemocrata de Bolsonaro em seu ruidoso silêncio; e o outro, o de que a vitória do velho petista representou, além da vontade popular, a sobrevida da democracia face à persistência da extrema-direita.

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Lula e o governo indigenista

        Os povos originários das colônias do supercontinente América perceberam outra afinidade além da de serem indígenas: a de que foram alvos de massacres colonizatórios e das eternas disputas de terras e seus recursos, bem como a invisibilidade étnica.
        Em meio a essas afinidades desagradáveis, a situação dos originários brasileiros é mais grave, em comparação com seus colegas da América do Norte e bem similar à de alguns povos indígenas dos vizinhos latino-americanos.
        Os princípios republicanos não findaram os homicídios de indígenas no Brasil, com picos em eras autoritárias. Na ditadura¹, 8300 pessoas foram mortas, segundo a comissão da verdade em 2014. Em regimes democráticos houve queda da frequência desses crimes.
        Além do aumento dos tiroteios letais, que culminaram com as mortes de Bruno, Dom e outras lideranças, a C19 foi outra arma mortal. Há relatos de expulsões ilegais por invasores de terras com incêndio e/ou tiros, raptos de meninas e mulheres para servidão sexual e crianças pequenas mortas por dragas de garimpo.
        Em meio a isso, no STF está pausado o julgamento do Marco Temporal bolsonarista sobre terras indígenas. Toda essa conjuntura virou uma reivindicação silente, mas oportuna e expressiva, pronunciada nas aldeias indígenas através do voto.
        A escolha praticamente unânime a Lula em aleias indígenas é o retrato do voto de sobrevivência, mais válido do que o falado voto útil. Agora, na equipe de transição, Lula escala lideranças indígenas, e uma delas será ministra.
        Ao escalar a sua equipe de transição, o petista justificou a inclusão de indígenas como caminho “para cumprir a obrigação de fazer reparação”. A afirmação faz sentido e, críticas à parte por parte do mercado nervosinho, este poderá ser o primeiro governo indigenista da história da nossa República.
        Mas, vale uma ressalva de grande importância. A inclusão de representantes originários no governo não significa a prática de eliminação de povos da floresta. A morte continuará a rondar silente as aldeias, alimentada pelo bolsonarismo. Repousa, no coração dos originários, a esperança pelo respiro de alívio de melhora.

Nota da autoria
¹ A ditadura militar de 1964-85.

Para saber mais
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O chilique ideológico do mercado

        Antes de viajar para o Egito, Lula se apresentou em discursos pós-eleição, como o ocorrido no Centro Cultural Banco do Brasil, em que o eleito se emocionou ao tratar sobre a sua maior ambição de governo: acabar com a fome e a miséria no país.
        Coincidência ou não, a mídia divulgou que nesse mesmo dia houve uma queda nas bolsas de valores e uma subida cambial no valor do dólar em relação ao real, resultando no chilique do mercado. Daí a geral considerou um absurdo o mercado se enervar com o fim da fome.
        Embora errada como fato em si, essa interpretação faz sentido. O capital se mantém graças aos muitos meios inibidores de ascensão social das camadas populares, vivem mais do estritamente necessário para a sobrevivência. Mas, o motivo fático mesmo foi outro.
        É que os cabeças do mercado interpretaram o objetivo social de Lula ao risco de perda da famosa responsabilidade fiscal que essa objetividade social centrada na PEC da transição poderia representar, por estar fora de outro item famoso e ligado, o teto dos gastos.
        Já foi explicado que a PEC social de Lula será paralela ao teto de gastos e conta com segurança jurídica baseada nos princípios cidadãos da Constituição. E aí o mercado vem com outro pretexto, já revelado antes: a suposta revogação da reforma trabalhista por Lula.
        A questão trabalhista também não justifica a ira. Até porque Lula sabe que revogação é praticamente impossível, mas sim a sua revisão e mudança. Ele propõe uma lei que regule os direitos dos trabalhadores-parceiros de aplicativos, para que eles tenham direitos.
        O capital reagiu parecido antes da eleição, quando Lula já candidato revelou discordar das perdas de direitos com a reforma trabalhista e pretende revisá-la para regulamentar os direitos dos chamados parceiros (por aplicativos), como motoristas e entregadores.
        Muitos discordam: “o contexto mudou”. Mas, ontem e hoje, o calor econômico sempre dependeu das chances de consumo de bens e serviços pelas classes populares. Inclusive o valor das ações na bolsa: o exemplo da BR está na carestia dos preços dos combustíveis.
        Portanto, tudo aponta que o chilique mercantil tem caráter político-ideológico. Pois nem nem a mídia hegemônica noticiou o rombo de quase R$ 1 tri no teto de gastos por Bolsonaro-Guedes. O mercado se considera antônimo de socialismo, ou de Lula, por sua origem popular e nordestina, mesmo acenando para os liberais.

Para saber mais
https://www.socioeco.org/bdf_axe-8_pt.html (políticas públicas são necessárias para dar gás à economia)
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Lula tomba dólar, petróleo e bolsa!

        Caros leitores, não se assustem com o teor que o título sugere. Não nego que é um doce sabor da ironia, não resisti. Mas tudo tem a ver com a notícia da Folha de São Paulo, transcrita pelo portal MSN.
        Tudo porque, em sua passagem pela COP27, Lula disse ter ciência da responsa fiscal, que o controle é fundamental. Mas sustenta que "pode gastar para fazer alguma coisa que tenha rentabilidade, para fazer o país crescer, melhorar". O mercado entrou em polvorosa.
        Segundo a mídia, a fala de Lula teve um efeito incomum: caiu o valor do dólar frente ao real, e também o preço do barril de petróleo tipo Brent-EUA, referência para a política de preços da Petrobrás aqui no Brasil, graças ao PPI que dolariza o valor dos combustíveis.
        Na verdade, a queda do dólar corresponde a um escorregão leve na casca de banana. O tombo do preço do barril de petróleo, porém, parece ter sido um pouco mais forte, refletindo na queda da Ibovespa, a nossa bolsa, em 0,13%, pouco mais de 108.700 pontos.
        A grande mídia ajuda ao agregar oscilações capitais às falas de Lula. Até a camisa de R$ 2580 de Janja entra. Concordo, é exagero. Mas não é nada, face ao escandaloso prejuízo fiscal de Bolsonaro, Guedes, samangos, pastores e caterva que não enervou mercado nem grande mídia.
        O maior efeito de Lula é priorizar os 160 milhões de estômagos famintos ou inseguros de ter comida. O sacrifício desses estômagos é interessante ao mercado, pois sinaliza os lucros escorchantes que a grande mídia divulga em alegres títulos garrafais de capa. 
        Alguns leitores podem até considerar esse pequeno texto um deboche. É deboche sim, mas contra os inimigos certos, que adoram uma crise como meio oportuno de lucrar mais.

Para saber mais
https://www.msn.com/pt-br/dinheiro/economia-e-negocios/d%C3%B3lar-cai-ap%C3%B3s-tom-conciliador-de-lula-mas-tombo-do-petr%C3%B3leo-faz-bolsa-cair/ar-AA14mZv7?ocid=mailsignout&pc=U591&cvid=8cc7f0cccc0d456c8813b143d16e328d (via Folha de SP)
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Nardes, mais um canalha

        Após Alexandre Marques, presidente do TSE, mandar cortar as redes sociais dos 43 financiadores das manifestações pró-golpe que retornam às estradas com mais força, um áudio foi vazado das dependências do TCU. O dono da voz foi identificado: Augusto Nardes.
        Antes presidente, Augusto Nardes é ministro do TCU indicado por Bolsonaro antes do pleito-2022. Tem ficado fora dos holofotes midiáticos desde então, mas bastaram os fatos do pós-eleição para ele aparecer, já se percebendo mal na fita por causa do áudio.
        O áudio em tela se refere às manifestações como parte de plano de golpe de Estado da turma de empresários, militares e políticos incluindo s Bolsonaro, à suposta agitação nos quarteis em Brasília e, pior, ele próprio se coloca favorável ao golpe.
        Não era para surpreender. Nardes iniciou sua carreira política pela Arena, a facção da ditadura militar, quase no fim dos anos 1970. Daí Bolsonaro gostar dele. Na democracia teve conduta discreta, como deputado e como ministro de Temer e de Bolsonaro, se sujando agora.
        Sim, se sujou. Afinal, entrou na lista de denunciados do presidente do TSE Alexandre de Moraes. Dada a sua posição, foi intimado a se manifestar publicamente, e se contradisse ao se dizer ser contrário ao golpe. Não deu certo, e agora ocorre que ele “adoeceu”.
        O que se torna minimamente “estranho”. Pois até onde sabemos, Nardes sempre nos pareceu bem de saúde, e o tom do áudio era de boa disposição. E, do nada, “adoece”, se afasta.
        Hospitalizações têm sido boas válvulas de escape para os Bolsonaro e sua caterva, sempre que surgia algo a arrochá-los na parede. O presidente é exemplo notório, alegando dores da suposta facada ou algum camarão comuna ferrando seus intestinos há anos em cacarecos.
        Agora é a vez de Augusto Nardes. A sua carreira pregressa já dava indicações de que ele não é mesmo flor que se cheire. Agora tão alinhado a Bolsonaro e fugindo da responsabilidade, entra na funesta e imensa lista definitiva de canalhas do presidente.
        
Para saber mais
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Vem aí nova lei do impeachment

        Enquanto a patuleia assiste preocupada o transcorrer dos fatos relativos ao plano de golpe e a suposta erisipela do presidente Jair Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal julga um novo texto que visa alterar a lei do impeachment.
        Ao que tudo indica, o relator do julgamento dessa proposta é Ricardo Lewandowsky, um dos ministros do Supremo. “Vamos apresentar um texto denso, robusto, atualizado, que faz com que a lei incorpore as previsões da Constituição”, disse ele a parlamentares.
        De fato, já estava além da hora de elaborar uma nova proposta de lei relativa aos crimes de responsabilidade, categoria criminal que motiva o processo de impeachment de presidentes, parlamentares e ministros em geral. O texto em vigor é de 1950.
        Impeachment não é recurso tradicional na história política brasileira. Já começa por ser termo inglês para designar “impedimento” ou, na prática, “interrupção”. Desde Collor todos foram alvos de pedidos, mas o recorde superior a 150 pedidos alvejou Bolsonaro.
        Ainda assim, o presidente da Câmara Arthur Lira sentou sobre todos, se vendendo a Bolsonaro a preço altíssimo. A quantidade de pedidos de impeachment é proporcional ao volume de crimes de responsabilidade de Bolsonaro – e faltou incluir ameaças de golpe.
        Já estava quite entre os ministros do STF atualizar o texto conforme a Constituição, devido às mudanças legais. Mas a coleção de crimes de responsabilidade de Bolsonaro, culminando com apologia antidemocrática, pode tê-los impulsionado a um texto melhor.
        O texto da nova lei de impeachment foi elaborado, analisado e aprovado por juristas, e é possível que já valha no mandato de Lula, que já governará sob pressão do parlamento conservador, da mídia e da elite econômica mimada por Paulo Guedes nesses anos.
        Se bem que, acenando para os liberais, Lula certamente escapa do impeachment, e se tiver desempenho próximo dos dois governos passados, poderá até se reeleger. Mas governará sob a sombra do impeachment. E disso ele já sabe.

Para saber mais
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Para alimentar falácias vale tudo

        Antes das eleições, o presidente Jair Bolsonaro e samangos da sua caterva tentaram de tudo para desqualificar a segurança da votação eletrônica.
        Mesmo que o próprio clã tenha sido todo eleito por essa via, Bolsonaro clamava pelo voto impresso. Quem vota no RJ deveria se lembrar de que, em 1994, Jair tentou fraudar o número de votos na zona oeste carioca dominada por milícias. E era voto impresso.
        Veio o pleito que elegeu Lula por margem muito apertada graças ao voto de cabresto imposto por pastores, empresários e latifundiários pró-Bolsonaro. E soltaram as manadas humanas nas estradas tão logo o TSE selou resultado oficial na noite de 30/10.
        Na transição, o PL de Valdemar da Costa Neto repetiu o feito do Ministério da Defesa antes do pleito. Vergonha: Alexandre de Moraes o emparedou exigindo provas do 1º turno, pois nos dois turnos todas as urnas foram exatamente as mesmas.
        Lula chorou sobre a fome e mercado deu piti sobre o fisco. Lula voou de jato alugado de empresário para COP27 e imprensa deu chilique. Lula falou da PEC fora do teto e o capital e a grande mídia quase tiveram colapso nervoso.
        Mercado, grande mídia, parlamentares bolsonaristas e milicos vigiam cada passo e fala do velho petista novamente eleito. O cara nem tomou posse ainda e já estão criando pedido de impeachment.
        A princípio desfeitas, as manifestações nas estradas retornaram com mais violência e ódio, expressando seguidas frustrações pelas fake news desmentidas. Novas fake news já surgem desmentidas: evita-se que os gados amaluquem mais ainda.
        A mais insistente é a do uso “ilegal” do jatinho particular para Lula voar ao Egito. Já foram indagados sobre qual lei, eles nem sabem responder. Já veio ferrada, pois autoridades competentes têm toda a papelada ok em mãos.
        Fala-se muito do silêncio deprimido de Bolsonaro que foi a hospital militar para tratar a erisipela. Silêncio mais ensurdecedor do que britadeira no asfalto: seus gados geram mais caos, revolta, tristeza, destruição, saques e prejuízos.
        O teor das falácias vale tudo para gerar dor de cabeça nos líderes das instituições e no eleito Lula. E não tem nada que indique seu fim após a posse do petista. Para isso servem as falácias: para desestabilizar. É de firmeza na guerra que Lula precisará para governar.

Para saber mais
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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

CURTAS - ANÁLISES RÁPIDAS 10

 
Fumaça na política ambiental de Lula

        Nesse período de transição, o presidente eleito Lula, através da articulação de Geraldo Alckmin, já lança de cartada alguns nomes ministráveis. Além de Boulos no das Cidades, foi escolhida a dedo Sônia Bone Guajajara para o Ministério dos Povos Originários.
        Vale salientar que o ministério a ser encabeçado por Sônia, eleita deputada federal pelo PSOL, tem estreita ligação com outro de enorme importância: o do Meio Ambiente. Neste estão cotadas Marina Silva e Izabella Teixeira, ex-ministras da área na era petista.
        Não por acaso, as duas ex-ministras e Guajajara capitanearam a pequena comitiva brasileira partícipe na COP27 no Egito, enquanto Lula ainda conversa com deputados e a equipe de transição. E vale apontar: essas mulheres não devem ser subestimadas.
        Marina é um nome conhecido e respeitado internacionalmente. Nas Olimpíadas de Londres de 2012, ela discursou na área ambiental; Teixeira também já participou de eventos internacionais sobre o clima, como o ECO-Rio20, em 2012, 20 anos após o ECO92.
        Sônia Guajajara também não fica atrás. Mesmo nunca tendo sido política profissional antes, ela já liderava as representações dos povos originários para as políticas públicas no Brasil e em eventos internacionais desses povos.
        A prioridade de Lula no meio ambiente não está só na situação vulnerável dos biomas originais, que agora enfrentam novos picos destrutivos. Objetiva também reconquistar lugar no mercado global, após ameaça de sanção internacional imposta pela era Bolsonaro.
        Lula anunciou os citados nomes pela interdisciplinaridade socioambiental-segurança alimentar-mercado. Competência não lhes falta, e por conhece-las ele as escolheu e as lançou para adiantar o Brasil no evento egípcio.
        Lula as vê como imprescindíveis para efetivar uma política ambiental mais agressiva contra os grandes desafios impostos por Bolsonaro, em especial a destruição por orcrims ligadas a latifundiários criminosos e traficantes de recursos biológicos e minerais.
        É com essa pedra no sapato que Marina, Izabella e Sônia foram ao Egito. A última tem seu primeiro grande teste como integrante do novo governo, mas conta com a experiência das duas primeiras para enfrentar os poderosos que comandam o crime na floresta.
        Esse teste é preciso, pois através dele que o novo lulismo poderá efetuar a chance definitiva de o Brasil retornar à sua posição estratégica no cenário global.

Para saber mais:
https://oeco.org.br/salada-verde/o-nome-do-ministro-do-meio-ambiente-do-brasil-e-a-escolha-entre-duas-ex/
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Nos interesses econômicos da COP27, o Brasil

        A COP27 começou. Inicialmente representado por Sônia Guajajara e Marina Silva, o Brasil finalmente se completa com a ida de Lula, já visto como chefe de Estado pelo presidente do Egito, sede do evento.
        Enquanto aqui há movimentos prévios contra Lula e o PT por motivos torpes, o evento no Egito mira a Amazônia, eterno tema de discussões nesses eventos enquanto os indígenas vivem cercados por clubes de tiros e pela violência de milícias armadas.
        Muitos se perguntam por que a Amazônia sempre é discutida se sempre dominam os interesses econômicos em vez das necessidades planetárias e de povos originários. Mas, antes de se precipitar em clichês vale pensar, pois faz sentido neste contexto econômico.
        Recursos biológicos e índice de diversidade são contados. Os biomas brasileiros originais somados alcançam os maiores valores globais. Sozinha, a Amazônia de pé vale mais de US$ 7 bilhões por ano; a Mata Atlântica US$ 3 bi, sem falar em Cerrado, Pantanal e Caatinga.
        Essa atenção aos nossos biomas está na distribuição das espécies, que é dispersa em área tropical. Quanto menos indivíduos por espécie, maior a biodiversidade numa amostra, e maior o valor de cada espécie no bioma. Nesse ponto o Brasil é líder inconteste.
        Nesses valores levantados por entidades europeias ligadas ao Fundo Amazônia, como a austríaca All Rise, se excluem povos originários. Mas suas culturas, inteiramente ligadas às florestas originais, também são contadas. Por incrível que pareça.
        Tais culturas podem valer cifras, mas não podem entrar pragmaticamente, pois são inteiramente humanas. Por serem construídas inteiramente nas florestas, alvos da destruição econômica, as culturas originárias são extremamente frágeis e muito, muito caras.
        Ainda assim, há quem, pelo menos na nossa grande mídia, queira vender as culturas originárias, através de algumas publicidades ou nas telenovelas e cinema. Uma venda que tem sido bem quista pelo público que muitas vezes confunde com inclusão desinteressada.
        Tudo isso mantém o Brasil no centro das discussões nesses eventos. A destrutiva era Bolsonaro reforçou a tese, muito mais pelo risco de decrepitude econômica global decorrente da queda da produção alimentar e derivados, que ironicamente alimenta o capitalismo.

Para saber mais
https://theintercept.com/2022/11/16/clubes-de-tiro-cercam-indigenas-e-municiam-agromilicias-na-amazonia/
- https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/lula-na-cop-27-leia-a-%C3%ADntegra-do-discurso-do-presidente-eleito/ar-AA14bwFF?ocid=mailsignout&pc=U591&cvid=a9e3d73a59714f91b57fc03a6d793fc6
- https://theintercept.com/2022/11/14/amazonia-desmatamento-pasto-terras-publicas/
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Lula aplaudido na COP27. Mas aqui...

        O presidente eleito Lula foi a figura mais esperada pelas autoridades reunidas na COP27 no Egito. Afinal, com sua experiência nos governos anteriores, ele é reconhecido na Europa como um desses raros estadistas em meio ao rolo compressor do capital.
        E não é só por isso. Seu carisma natural parece contagiar lá fora, em especial os chefes de Estado/governo europeus. No momento do seu primeiro discurso, Lula se viu sob as luzes dos holofotes e observado por centenas de olhares de expectativa à sua frente.
        Entusiasmados aplausos se intercalavam com os parágrafos do discurso de Lula, e às vezes interrompiam a leitura. Finalizado o discurso, Lula foi ovacionado pelos presentes. Expondo a íntegra do discurso, a mídia francesa o comparou a “uma estrela do rock”.
        Se a reação à presença e ao discurso de Lula foi unânime nesse evento de relevância internacional, não se observa a mesma aqui, apesar da exposição pela mídia. Entre a patuleia assalariada ele é maioria, mas já entre as camadas mais abastadas é minoria.
        Afinal, as classes burguesas mais abastadas estão representadas pelos golpistas de verde-amarelo que antes interditaram as principais rodovias e agora ocupam as ruas e portões dos quarteis das cidades, protagonizar as bizarrices tornadas memes.
        Pois para esses bolsominions, não é só aborto legal, famílias plurais e empoderamento feminino que são comunistas. A política ambiental agressiva ambicionada por Lula também é um “problema comunista”, e a presença dele na COP27 é “uma ameaça”.
        Por conta disso, cabe refletir se vale mesmo nos referenciar na nossa burguesia mais abastada que, possivelmente sustentada por orçamento secreto, dominam, ou ambicionam dominar, o contexto socioeconômico brasileiro.

Para saber mais
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Golpismos de um silêncio ensurdecedor

        Desde o fim das eleições que deram em vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Bolsonaro colocou o silêncio como meta. Não foi uma meta absoluta, pois algumas aparições ocorreram para poucos pronunciamentos.
        Em contraste com o dominante silêncio presidencial, muita movimentação é vista de longe no palácio da Alvorada. Ou seja, dentro deste há barulho. Só que o decreto de 100 anos de sigilo não permite que saibamos de que barulho se trata.
        Nesse ínterim, os justos sentem a impressão de que o TSE foi incompetente quanto à cessação dos protestos de bolsonaristas nas estradas, ruas e portas de quarteis onde gritam apelos pela investida misericordiosa “contra a instalação do comunismo de Lula”.
        Sem falar nos protestos estendidos no exterior, em especial nos EUA, onde ministros do STF foram xingados e até mesmo um simples morador brasileiro sofreu abordagem de violência verbal por parte do criminoso foragido Allan dos Santos.
        Passa-se, bem igualmente, a sensação de que o Ibama nada faz contra a devastação acelerada dos biomas desde o fim de outubro, apesar de algumas operações aqui e ali, como a que flagrou centenas de litros de agrotóxicos irregulares há 3 dias.
        Nesse contexto de Lula na COP27, há idêntica impressão de que o medo impera nas instituições em relação aos grileiros que loteiam mais de 100 km de terras públicas da Amazônia Legal para virarem pasto.
        Essa impressão segue também na proliferação de clubes de tiro irregulares ao redor de terras indígenas nos quais milícias locais treinam, e de que as investigações sobre os assassinatos de Bruno Pereira, Dom Phillips e demais guardiões da floresta foram paradas a mando.
        E, finalmente, outra impressão é a de que a monkeypox (varíola dos macacos) sumiu no país, enquanto vemos novas variantes do Corona Ômicron (BB.1, BE.9 e até BXX) causando a nova onda de C19, com 95% de crianças de até 5 anos sem vacinação adequada.
        Tudo isso tem uma relevância não falada na grande mídia: a de que o silêncio de todo o governo Bolsonaro evidencia serem golpismos todos os citados fatos. Todos incentivados pelo ensurdecedor silêncio presidencial. Silêncio real mesmo, só o do agora vazio cercadinho.

Para saber mais
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Além de (re)educar, criminalizar o bolsonarismo

        Em artigo publicado na etapa anterior da série de Análises curtas, foi feita uma reflexão sobre a saúde psíquica dos bolsominions radicais que permanecem em protestos nas ruas, não importam os humores do tempo.
        O governo Bolsonaro finda em 31/12, mas o presidente já se sente ex e se coloca em indignado e ensurdecedor silêncio que instiga indiretamente os protestos bizarros nos quais os seus apoiadores já se confundem entre continuar tal apoio ou pedir socorro às FAs.
        A única manifestação oficial do presidente foi autorizar o chanceler França a ir ao G-20 como representante, por ser alvo do desprezo internacional, e Lula estar na COP27, evento “menor”, mas globalmente importante, em especial para o Brasil.
        Sob descaso recorde nesses 4 anos, universidades e escolas se viram como podem, seriamente ameaçadas de paralisar os seus serviços. Algumas pesquisas demoraram mais, e outras tiveram que ser interrompidas. O investimento foi recorde em armas.
        Essa inversão recorde impactou a patuleia ao ponto de o governo ter apoio popular espontâneo de 25-30%, fora a coação por igrejas, organizações criminosas e prefeituras bolsonaristas. Tudo metodicamente montado para atender ao projeto de poder.
        Esse método é como o de Hitler, com fake news instantâneas na net de acréscimo. E dada a penetração profunda na mentalidade dos apoiadores, o bolsonarismo permanecerá como movimento ideológico a obstacularizar fortemente o governo Lula.
        Por isso, a educação deverá ser mais uma prioridade na nova era Lula. Mas ele verá, mais cedo ou mais tarde, que precisará ir mais fundo: criminalizar o bolsonarismo.
        Há quem critique, pois “sempre haverá defensores”. Mas o problema é maior. Como já frisado antes, o bolsonarismo é o nazismo à brasileira, e como tal deve-se criminaliza-lo sim. Defensores haverá sempre, mas com a retomada da educação, eles se autolimitarão se quiserem manter a sua liberdade incólume.

Nota da autoria:
A minha reflexão sobre a analogia bolsonarismo-nazismo se refere ao contido no livro Mito: a cronologia do caos, de Carlito Neto.

Para saber mais

https://theintercept.com/2022/11/09/sob-bolsonaro-clubes-de-tiro-explodem-em-areas-de-conflito-da-amazonia-legal/ 

https://theintercept.com/2022/11/02/vencer-bolsonarismo-dependera-de-estrategia-de-ocupacao-orlando-calheiros/ 

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Bolsonarismos estaduais

        A maior parte do povo brasileiro não temeu a violência política quando o resultado das eleições deu vitória a Lula: lotaram as ruas e bares para festejar, as camisas vermelhas com aroma de guardado nos corpos após muito tempo guardadas.
        Foi uma festa que contrastou com centenas de escolhas, seja nos parlamentos da esfera federal e das estaduais, e mesmo alguns governadores, que mantiveram apoio eleitoral a Jair, e com a derrota deste, já trabalham para manter o pesadelo bolsonarista.
        Nesse quesito se destacam três estados “bolsonaristas”: Minas Gerais com Zema; Rio de Janeiro com Claudio Castro, e São Paulo com Tarcísio de Freitas.
        MG- em 2018, o empresário Romeu Zema (Novo) surfou na onda bolsonarista e foi eleito em 2018. Após um tempo calado por causa das peripécias de Bolsonaro, manteve seu apoio ao extremista, sendo reeleito este ano, mesmo com Lula vencendo no Estado.
        Zema revelou seu mau caratismo. Na sua era, o estado foi deformado por minas e barragens de rejeitos por todo lado. Para ganhar no consignado do Auxílio Brasil, ele ofereceu sua financeira, com juros dantescos. E tem mais canalhice aí.
        No decurso eleitoral, pesquisas de opinião mostraram forte proximidade de Kalil (PSD, apoiado por Lula) de Zema. De repente, o novista disparou. Descobriu-se depois que ele contratou uma empresa para maldizer do adversário na internet.
        Reeleito, Zema assinou concessão de reservas florestais para a iniciativa privada. Mesmo dizendo ser “apenas gestão privada”, sabemos muito bem que na prática concessão é a mesma coisa que privatização.
        RJ- em 2018, o então ilustre desconhecido Wilson Witzel foi eleito governador após declarar apoio a Jair Bolsonaro. Com ele sobreveio a agudização de uma política de abate dos pobres periféricos, sobretudo não brancos.
        No primeiro pico da C19, rixas por baixo do tapete midiático levaram à deposição de Witzel. O então vice bolsonarista Claudio Castro o substituiu e aprofundou a mortandade por C19 e chacinas policiais. Depois vazaram denúncias de muitos cargos secretos.
        Mesmo com essas denúncias evidenciadas, Castro foi reeleito. Certamente com uma pressão dos currais eleitorais do crime organizado e das igrejas evangélicas.
        SP- no colapso do governo Doria, após mais de 20 anos de PSDB, vêm à tona o petista Haddad e o bolsonarista Tarcísio. Haddad liderou até ser ultrapassado no 2º turno, em coincidência com a passagem do carioca na comunidade de Paraisópolis.
        Em Paraisópolis houve o esquisito tiroteio que envolveu um segurança de Tarcísio no assassinato de um morador inocente desarmado. Depois veio a denúncia do desperdício de R$ 1 bilhão que seria para reparo (não efetuado) de estradas da pasta da Infraestrutura.
        Mesmo sem explicar essa grana e o tiroteio, o carioca Tarcísio foi eleito. Agora cogita Ricardo Salles e Mário Frias em suas secretarias. Não estranhem se, nessa chuvosa primavera, verem o céu escurecer e o ar cheirar a vegetação queimada. São os bolsonarismos estaduais.

Para saber mais
- https://theintercept.com/2022/10/27/testemunhas-afirmam-que-seguranca-de-tarcisio-de-freitas-matou-homem-desarmado-em-paraisopolis/
- https://valor.globo.com/politica/noticia/2022/11/17/tarcisio-de-freitas-diz-ser-necessario-aumentar-o-proprio-salario.ghtml
- https://congressoemfoco.uol.com.br/area/pais/em-entrevista-tarcisio-de-freitas-esquece-o-local-onde-vota/
- https://www.brasildefato.com.br/2022/05/25/rj-governo-claudio-castro-tem-39-chacinas-e-178-mortes-em-um-ano-de-gestao-revela-estudo
- https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2022/09/30/interna_politica,1400744/grupo-de-empresa-que-criou-site-contra-kalil-tem-contrato-com-governo-de-mg.shtml
- https://www.brasildefato.com.br/2022/10/19/menos-de-um-mes-apos-ser-reeleito-em-mg-zema-entrega-parques-a-vale-e-a-iniciativa-privada
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CURTAS 98 - ANÁLISES (Brasil- Congresso)

  A GUERRA POVO X CONGRESSO                     A derrota inicial do decreto do IOF do governo federal pelo STF foi silenciosamente comemo...