domingo, 29 de outubro de 2023

REFLEXÃO: paz à brasileira vetada. E agora?

 

          Uma plateia popular assistia à votação da resolução de paz do Brasil no Conselho de Segurança na ONU quando a embaixadora dos EUA leu o discurso que vetou a proposta. Em protesto, ativistas de ONG viraram de costas.
                O veto estadunidense endossou os votos contrários de alguns dos membros permanentes do Conselho, que são apenas 5 países: EUA, Rússia, China, Reino Unido e França.
                No Brasil, o veto foi assunto dos deputados na Comissão de Relações Exteriores, que convocou o chanceler Mauro Vieira para explicações. E a senadora Damares postou uma bizarrice na qual os ativistas de costas seriam embaixadores estrangeiros contra a proposta apresentada pelo representante brasileiro.
                Motivo do veto – segundo a grande mídia, o motivo do veto foi o teor de neutralidade, sem menção a Israel. Mas na prática, não foi bem a neutralidade proposta na não menção, e sim a falta de posição favorável a Israel, por não ter criticado o Hamas. É conhecido de todos o apoio geopolítico dos EUA e Europa ocidental a Israel.
                Lula – outro fator muito possível do veto é que o governo dos EUA sabe que o presidente Lula é favorável à Palestina por sua formação política enquanto povo e Estado Nação, e não apontar o Hamas como movimento de fato terrorista, apesar de considerar como tal o ataque à rave em Gaza.
                Para os EUA não há interesse em considerar a neutralidade brasileira como um ato de prudência – virtude esta que tem faltado ultimamente ao governo ianque e dos países em guerra, e também à claque bolsonarista do Congresso daqui que espalha bizarrices como PT como braço-direito do crime organizado e ligado ao terrorismo do Hamas.
                Repercussão global – o protesto de ativistas foi só a primeira das repercussões do reprove. Depois foi a vez do veto à resolução dos EUA, e aí a ONU demandou reunião emergencial. Nesse impasse diplomático, a guerra ganha nova extensão com poderosos “anúncios” armados russos e chineses nas águas mediterrâneas, junto aos ianques.
                Manifestos pró-Palestina e pela paz explodem pelo mundo. Mesmo proibidas pelos governos, multidões pró-Palestina lotam as ruas na Europa, no norte da África e na América do Sul. Nos EUA, mais de 100 judeus do movimento Not im my name (não em meu nome, em tradução livre) foram presos.
                Significados – os cinco membros permanentes do Conselho têm tradição de guerra. Apenas dois deles não são da OTAN, liderada pelos ianques. Seus votos têm mais peso do que os dos membros provisórios. Nesse sentido, o reprove da proposta revela ao Brasil que sua presença ali é bem menor do que a sua posição econômica estratégica.
                Além disso, faltam dois ou três requisitos ao Brasil para ocupar a cadeira de permanente: ter tradição guerreira (para isso precisa reforçar muito suas Forças Armadas) e guinar sua posição inteiramente pró-EUA. E no segundo se insere o terceiro requisito: ignorar a Palestina, o que pode enfraquecer sua força no BRICS – tudo que os ianques querem.

Para saber mais
https://www.youtube.com/watch?v=bvElGX1yrKk (UOL – 50 países se unem contra o veto dos EUA e pedem reunião de emergência)
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Netanyahu, sabotador internacional

                A guerra convencional entre Israel e Hamas é uma realidade tangível, cujos horrores de destruição pelas bombas e balas geram danos, sangue, morte, lágrimas e traumas. Mas também há a guerra do ciberespaço, onde informes contrários se cruzam e se digladiam. É a face mais autêntica da guerra híbrida.
                Entre as mídias que divulgam matérias pró-Israel e outras pró-Palestina, se alimenta a guerra híbrida que assume uma faceta muito maior do que imaginamos, pois colocam os povos árabes, israelenses e todo o mundo sob um manto, de cujo potencial destrutivo ainda não nos damos conta.
                Um país muito bem equipado – graças ao apoio militar dos EUA, Israel venceu os árabes nas guerras dos anos 1960 e hoje tem aparato bélico poderoso. Fala-se que eles tenham ensinado técnicas de tortura aos militares brazucas na ditadura. Por isso, sua potência de alcance destrutivo e letal é infinitamente superior ao palestino.
                Enquanto bolsonaristas e gospels choram as 1500 mortes infantis israelenses, mais de 3500 pequenos palestinos nem puderam ser enterrados. Enquanto isso, assentamentos israelenses têm forte apoio de oligopólios como MacDonalds (que agraciou soldados com víveres), Airbnb, Motorola Solutions, Booking.com e mais dezenas.
                Censura – há outro equipamento poderoso: a espionagem tecnológica. Nomeado de Canary Missions, o sistema interfere em movimentos ativistas no Ocidente envolvendo empresas, universidades e políticos.
                O Canary Missions interferiu nos movimentos negros dos EUA, censurou a exibição de uma série documental da Al-Jazeera no Ocidente e persegue ativistas pró-Palestina mediante difamações à reputação resultando em ódio traduzido em ameaças, expulsões e demissões.
                 De revolta em árabe, o termo Intifada passou a significar "extinção aos judeus" pelo sistema, numa falsa comparação ao nazismo. O ideário de extinção se limita ao Hamas, que é um movimento e não um povo, e incita psicologicamente o Ocidente à islamofobia, que está em alta nos EUA.
                Como intolerância religiosa, a islamofobia é criminosa, por generalizar a mentira e a depreciação sobre todo um povo e seus descendentes. Antes de julgarmos o fundamentalismo islâmico devemos entender as razões de sua existência, e assumir que as versões cristãs e judaicas existem e são igualmente ofensivas.
                Igualmente, vale ressaltar que os povos israelenses e árabes não podem ser postos nesse balaio minado.  O que move a guerra muito acertadamente não os representa.
                E por trás disso tudo... – explica-se tudo isso um único interesse: são conhecidas as riquíssimas jazidas de hidrocarbonetos no subsolo palestino. A petrolífera estadunidense Chevron já sugere a construção de um gasoduto oriundo daquele subsolo para resolver a crise energética europeia iniciada com a guerra russo-ucraniana.
                O não reconhecimento do Estado palestino previsto pela ONU em 1947 já revelava o propósito exploratório, pois já eram realizadas pesquisas prospectivas na região. A nevralgia cultural religiosa foi mexida e facilitou a ofensiva destrutiva e revelando o hibridismo da guerra criada pelo capital, usando Netanyahu como mediador eficiente da sabotagem internacional.
                
Para saber mais
https://www.intercept.com.br/2023/10/24/israel-perseguicao-ativistas-pro-palestina-chega-no-brasil-serie-censurada-lobby-usa/
https://www.intercept.com.br/2023/10/20/israel-apoie-ou-perca-mandato-serie-censurada-al-jazeera-episodio-2/.
https://www.intercept.com.br/2023/10/17/israel-lobby-eua-documentario-censurado-al-jazeera-palestina-gaza-hamas-propaganda/.
https://www.intercept.com.br/2023/10/11/sim-este-e-o-11-de-setembro-de-israel/.
- https://www.intercept.com.br/2023/10/13/israel-estes-sao-os-maiores-massacres-contra-a-palestina/
https://www.intercept.com.br/2023/10/27/israel-nao-vai-cumprir-acordos-nem-se-descolonizar-mundo-precisa-agir/.
https://www.dw.com/pt-br/onu-divulga-lista-de-empresas-ligadas-a-assentamentos-israelenses/a-52358830#:~:text=Entre%20os%20nomes%20h%C3%A1%20bancos,Expedia%2C%20Motorola%20Solutions%20e%20TripAdvisor
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