sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

CURTAS 63 - ANÁLISES (PF bate à porta; possível novo tento)

 

PF assusta bolsonaristas

      A geral acredita que toda CPI “dá em nada”. Mas ao menos três delas geraram ocorrências importantes. O pior da C19 arrefeceu graças à CPI da C19 (2021), que derrubou o negacionismo do ex-governo e levou o povo a se vacinar em massa.
            A CPI das Fake News fez banir perfis extremistas nas redes e chancelou a PL 2360, ainda a ser votada no Congresso. Em 2023, as CPIs (federal e DF) do 8/1 indiciaram os inelegíveis Bolsonaro (com centenas de processos) e Braga Netto, e centenas de bárbaros e alguns milicos foram presos. E veio uma nova febre: o alvorecer com o toc-toc-toc da PF.
            Milicos e civis do governo – já foram 33 buscas e apreensões. Dos milicos são o cel. Guilherme Marques de Almeida, que desmaiou; os generais Braga Netto e Augusto Heleno; e o hoje senador Hamilton Mourão, e gente da PMDF. Outros milicos já se preparam para despertar suas vergonhas às 6h da matina.
            Entre os civis estão Anderson Torres, Felipe Martins (do famoso gesto de supremacia branca) e Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, que pode se extinguir por atuação paralela contra as eleições e por abrigar incitadores do terror do 8/1.
            Parlamentares – os bolsonaristas já estão apreensivos. Vigiados desde 2023 pelo STF após o 8/1, eles correm o risco de cassação – o que não abortará o trabalho da PF. Marcos do Val, Carlos Jordy e Alexandre Ramagem já foram abordados. E entre os que na fila se destaca o jovem, mas duvidoso Nicolas Ferreira.
            Ele responde a vários processos por crimes contra a honra, num deles contendo corrupção de menor, para alimentar sua propaganda ideológica. Agora pode ser cassado por ter atacado a honra de Lula na ONU e no Congresso – e é também suspeito de incitação ao terror do 8/1.
            O ataque em coro a Lula ocorreu na promulgação da PEC tributária. Provocado, o petista Quaquá estapeou um bolsonarista que depois se vitimizou em falsas lágrimas na tribuna. Como Lula é presidente da República, cargo que aufere foro especial, o peso de processo judicial sobre o provocador é maior.
            Lira e Pacheco salvam? – apertados com o STF, os bolsonaristas pediram socorro a Lira e Pacheco, que no momento assentiram. Eles têm em mente a PEC da Toga, que propõe coibir decisões monocráticas e limitar o mandato dos ministros de tribunais superiores. Em troca, essa trupe pode ajuda-los a pressionar o governo Lula nas bilionárias emendas – e também adora muita grana.
            Mas, bolsonaristas, não se iludam com Lira e Pacheco. Eles podem descarta-los em momento oportuno ou ao menor deslize, pois não querem a rabeira sobrando para si. E mais: eles não impedirão o toc-toc-toc da PF, nem a vigilância do STF. Se preparem para ter vergonha na cara por si mesmos.

Para saber mais
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/c72g1q44me4o. (bolsonaristas na mira da PF e do STF)
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Mossoró e o intento golpista

            Enquanto o governo federal pena na comunicação para convencer o povo, a extrema-direita deu mais um show de eficiência: em vídeo, o ex-presidente convocou o seu rebanho para “um grande manifesto pacífico, de verde e amarelo” no dia 25/2/2024.
            Ainda na primeira quinzena, acampamentos verde-amarelos de caravana já estavam montados em SP, bem organizados e estruturados. Ao mesmo tempo veio a notícia de que dois presos fugiram de um grande presídio estruturado em Mossoró (RN). Foi um prato cheio para muitas conjecturas.
            Estrutura e gestão – criados e geridos pela União, os presídios de segurança máxima são construções completas e amplas, com sistema de segurança inteligente que complementa a vigilância dos policiais penais federais.
             Foram construídos para abrigar gente muito poderosa e perigosa, como megaempresários de ficha pesada, chefes das cúpulas de facções, assassinos em série, políticos criminosos e até terroristas.
            O aparato de segurança é rígido e domina todas as alas, setores e área do terreno e das estruturas. E ainda conta com a própria estruturação física dos prédios para impedir tentativas de fuga. Não deveria haver sinal de celular, mas já sabemos que é mais fácil não tê-los em nossas casas do que na cadeia.
            Diretor de presídio federal de segurança é nomeado pelo Min. Justiça. Como requisitos valem: qualificação, muito sangue frio, jogo de cintura ao dialogar e criatividade administrativa. Com base na distribuição física horizontal ou vertical (andares), os diretores criam pavilhões carcerários para cada categoria de criminosos visando evitar conflitos e motins.
            Em toda a história do sistema dos presídios federais de segurança máxima, nunca houve um só caso de fuga. Quanto mais perigoso é o sentenciado, maior é o esquema de segurança do seu entorno. Ainda assim há risco de escape. E houve.
            Primeira vez – como tudo pode acontecer nessa terra, enfim houve a primeira fuga bem-sucedida de 2 homens, de presídio de segurança máxima de Mossoró. Um deles tem 50 processos. Só que o fato se deu num momento sociopolítico muito crucial, com estranhas coincidências.
            Troca no MJSP – a fuga ocorreu em pleno governo Lula, que já enfrenta um Congresso hostil, e que vê também a definitiva saída de Dino do MJSP para em breve ocupar a cadeira de Rosa Weber no STF. Aposentado do STF e aliado de Lula, Lewandowski já substituiu a cúpula da unidade de Mossoró e montou operação de inteligência e de busca dos fugitivos.
            Enquanto isso, prints de supostas notícias voaram em grupos criados em mensageiros instantâneos de celular acusando “nunca ter havido essa incompetência”. Oportunista, a grande mídia já vazou sobre falhas no sistema carcerário federal, na verdade para justificar a privatização do mesmo.
            Coincidência? – como a fuga dos 2 homens aconteceu nesse ambiente sociopolítico, a mídia noticiou sobre nota do FBI revelando temor da possibilidade de os bandidos terem conseguido fugir do Brasil de alguma maneira, mesmo reconhecendo o trabalho das polícias estaduais e da PF na caça aos homens.
            O temor dos EUA dessa suposta fuga acendeu a luz imaginativa por aqui. Se bolsonaristas acusam o governo de incompetência, os antibolsonaristas apostam numa ajudinha suspeita no presídio, dado nunca ter ocorrido fuga antes e estarmos em novo governo Lula. Assim como o governo federal ignora as acusações, Jair Bolsonaro se silencia sobre o tema.
            Em meio à caravana bolsonarista nas vias paulistas, a torcida corintiana Gaviões da Fiel planeja ação contrária que pode acirrar, para os observadores, concatenações políticas com a fuga de Mossoró. Em todos os lados inexiste a crença em coincidência factual.
            Quanto a Bolsonaro, é impossível comparar o atual silêncio sobre o caso Mossoró com o silêncio que planejou o golpismo no pós-derrota eleitoral e culminou no terror de 8/1/23. Mas, para os antibolsonaristas, o atual mais o condena do que o absolve.
            Se é mera coincidência factual ou se há interligação, não sabemos. Mas o governo federal deve se atentar a todo movimento. Ignorar acusações é certo, mas é errado com as caravanas bolsonaristas. Vale a experiência, a extrema-direita mantém forte o intento golpista, e os corintianos já perceberam isso. Quanto ao caso Mossoró, as investigações o dirão depois.

Sal Ross
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