PF assusta bolsonaristas
A geral acredita que toda
CPI “dá em nada”. Mas ao menos três delas geraram ocorrências
importantes. O pior da C19 arrefeceu graças à CPI da C19 (2021), que derrubou o
negacionismo do ex-governo e levou o povo a se vacinar em massa.
A CPI das Fake News
fez banir perfis extremistas nas redes e chancelou a PL 2360, ainda a ser
votada no Congresso. Em 2023, as CPIs (federal e DF) do 8/1 indiciaram os inelegíveis
Bolsonaro (com centenas de processos) e Braga Netto, e centenas de bárbaros e alguns
milicos foram presos. E veio uma nova febre: o alvorecer com o toc-toc-toc da
PF.
Milicos e civis do governo – já foram 33 buscas e
apreensões. Dos milicos são o cel. Guilherme Marques de Almeida, que desmaiou;
os generais Braga Netto e Augusto Heleno; e o hoje senador Hamilton Mourão, e
gente da PMDF. Outros milicos já se preparam para despertar suas vergonhas às
6h da matina.
Entre os civis estão Anderson
Torres, Felipe Martins (do famoso gesto de supremacia branca) e Valdemar da
Costa Neto, presidente do PL, que pode se extinguir por atuação paralela contra
as eleições e por abrigar incitadores do terror do 8/1.
Parlamentares – os bolsonaristas já estão apreensivos. Vigiados
desde 2023 pelo STF após o 8/1, eles correm o risco de cassação – o que não
abortará o trabalho da PF. Marcos do Val, Carlos Jordy e Alexandre Ramagem já foram
abordados. E entre os que na fila se destaca o jovem, mas duvidoso Nicolas
Ferreira.
Ele responde a vários
processos por crimes contra a honra, num deles contendo corrupção de
menor, para alimentar sua propaganda ideológica. Agora pode ser cassado por ter
atacado a honra de Lula na ONU e no Congresso – e é também suspeito de
incitação ao terror do 8/1.
O ataque em coro a Lula ocorreu
na promulgação da PEC tributária. Provocado, o petista Quaquá estapeou um
bolsonarista que depois se vitimizou em falsas lágrimas na tribuna. Como Lula é
presidente da República, cargo que aufere foro especial, o peso de processo
judicial sobre o provocador é maior.
Lira e Pacheco salvam? – apertados com o STF, os
bolsonaristas pediram socorro a Lira e Pacheco, que no momento assentiram. Eles
têm em mente a PEC da Toga, que propõe coibir decisões monocráticas e limitar
o mandato dos ministros de tribunais superiores. Em troca, essa trupe pode ajuda-los
a pressionar o governo Lula nas bilionárias emendas – e também adora muita
grana.
Mas, bolsonaristas, não se
iludam com Lira e Pacheco. Eles podem descarta-los em momento oportuno ou ao
menor deslize, pois não querem a rabeira sobrando para si. E mais: eles não
impedirão o toc-toc-toc da PF, nem a vigilância do STF. Se preparem para ter
vergonha na cara por si mesmos.
Para saber mais
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/c72g1q44me4o.
(bolsonaristas na mira da PF e do STF)
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Enquanto o governo federal
pena na comunicação para convencer o povo, a extrema-direita deu mais um show
de eficiência: em vídeo, o ex-presidente convocou o seu rebanho para “um
grande manifesto pacífico, de verde e amarelo” no dia 25/2/2024.
Ainda na primeira quinzena,
acampamentos verde-amarelos de caravana já estavam montados em SP, bem
organizados e estruturados. Ao mesmo tempo veio a notícia de que dois presos
fugiram de um grande presídio estruturado em Mossoró (RN). Foi um prato cheio
para muitas conjecturas.
Estrutura e gestão – criados e geridos pela União, os presídios de
segurança máxima são construções completas e amplas, com sistema de
segurança inteligente que complementa a vigilância dos policiais penais
federais.
Foram construídos para abrigar
gente muito poderosa e perigosa, como megaempresários de ficha pesada, chefes
das cúpulas de facções, assassinos em série, políticos criminosos e até
terroristas.
O aparato de segurança é rígido
e domina todas as alas, setores e área do terreno e das estruturas. E ainda
conta com a própria estruturação física dos prédios para impedir tentativas de
fuga. Não deveria haver sinal de celular, mas já sabemos que é mais fácil não
tê-los em nossas casas do que na cadeia.
Diretor de presídio federal
de segurança é nomeado pelo Min. Justiça. Como requisitos valem: qualificação, muito
sangue frio, jogo de cintura ao dialogar e criatividade administrativa. Com base
na distribuição física horizontal ou vertical (andares), os diretores criam pavilhões
carcerários para cada categoria de criminosos visando evitar conflitos e motins.
Em toda a história do sistema
dos presídios federais de segurança máxima, nunca houve um só caso de fuga. Quanto
mais perigoso é o sentenciado, maior é o esquema de segurança do seu entorno. Ainda
assim há risco de escape. E houve.
Primeira vez – como tudo pode acontecer nessa terra, enfim houve a
primeira fuga bem-sucedida de 2 homens, de presídio de segurança máxima de
Mossoró. Um deles tem 50 processos. Só que o fato se deu num momento sociopolítico
muito crucial, com estranhas coincidências.
Troca no MJSP – a fuga ocorreu em pleno governo Lula, que já
enfrenta um Congresso hostil, e que vê também a definitiva saída de Dino do
MJSP para em breve ocupar a cadeira de Rosa Weber no STF. Aposentado do STF e aliado
de Lula, Lewandowski já substituiu a cúpula da unidade de Mossoró e montou
operação de inteligência e de busca dos fugitivos.
Enquanto isso, prints de
supostas notícias voaram em grupos criados em mensageiros instantâneos de
celular acusando “nunca ter havido essa incompetência”. Oportunista, a grande
mídia já vazou sobre falhas no sistema carcerário federal, na verdade para
justificar a privatização do mesmo.
Coincidência? – como a fuga dos 2 homens
aconteceu nesse ambiente sociopolítico, a mídia noticiou sobre nota do FBI revelando
temor da possibilidade de os bandidos terem conseguido fugir do Brasil de
alguma maneira, mesmo reconhecendo o trabalho das polícias estaduais e da PF na
caça aos homens.
O temor dos EUA dessa suposta
fuga acendeu a luz imaginativa por aqui. Se bolsonaristas acusam o governo de incompetência,
os antibolsonaristas apostam numa ajudinha suspeita no presídio, dado nunca ter
ocorrido fuga antes e estarmos em novo governo Lula. Assim como o governo federal
ignora as acusações, Jair Bolsonaro se silencia sobre o tema.
Em meio à caravana
bolsonarista nas vias paulistas, a torcida corintiana Gaviões da Fiel planeja ação
contrária que pode acirrar, para os observadores, concatenações políticas com a
fuga de Mossoró. Em todos os lados inexiste a crença em coincidência factual.
Quanto a Bolsonaro, é impossível
comparar o atual silêncio sobre o caso Mossoró com o silêncio que planejou o
golpismo no pós-derrota eleitoral e culminou no terror de 8/1/23. Mas, para os antibolsonaristas, o atual mais
o condena do que o absolve.
Se é mera coincidência factual
ou se há interligação, não sabemos. Mas o governo federal deve se atentar a
todo movimento. Ignorar acusações é certo, mas é errado com as caravanas
bolsonaristas. Vale a experiência, a extrema-direita mantém forte o intento
golpista, e os corintianos já perceberam isso. Quanto ao caso Mossoró, as
investigações o dirão depois.
Sal Ross
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