sábado, 21 de dezembro de 2024

Ligeirinhas 2 (bastidores da política)

 

Revanche reacionária 1 – armas livres

            Flávio Dino (STF) disse que opera a “democracia do piti” no Congresso desde a sua decisão da transparência e restrição sobre as emendas. O Centrão de Lira e Pacheco ainda range os dentes com a minimização da mamata extra.
                    Os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) já sabem que o novo pacote fiscal será descaracterizado para seu aprove, como aconteceu com a já promulgada PEC da reforma tributária.
                    Em seu mundo paralelo – só convergente com real quando há dinheiro –, os bolsonaristas se aproveitam dos indiciamentos e prisões preventivas de milicos golpistas para se movimentarem na sua listinha de vinganças.
                    E quase tiveram orgasmo numa delas: o senado aprovou a exclusão das armas de fogo da lista do imposto seletivo, que sobretaxa produtos que atentam contra a vida individual, social e ambiental para desmotivar o seu consumo.


Revanche reacionária 2 – fumaça antifeminista

            Os parlamentares bolsonaristas têm especial gosto de fazer guerra ideológica. Seja em ofensa à honra de Lula e aos colegas opostos, ou por suas propostas estapafúrdias, como as contrárias aos direitos sexuais e reprodutivos.
                    A revanche bolsonarista contra o aborto não é novidade. Nos anos 2010, Marcos Feliciano e Eduardo Cunha puxaram a corda contra LGBTQIA+ e aborto. Os bolsonaristas apenas aprofundaram a bizarrice da coisa.
                    Só neste governo vieram a PL1409, que propõe punir por até 20 anos a estuprada grávida que abortar – mais do que o meliante; e a PEC do aborto, que propõe condenar a interrupção inclusive nos casos legais previstos.
                    Na realidade mesmo, se trata tudo isso de cortina de fumaça contra possível descoberta de parlamentares que incentivaram ou financiaram a intentona de 8/1/23, enquanto a PEC da Anistia não pode ser votada. A prisão de Braga Neto os deixou apavorados.


Revanche reacionária 3- desinformação na escola

              Na escola e na universidade aprendemos informações formais fundamentadas na ciência e repassadas didaticamente. Sua prática refinada e em reconstrução é o conhecimento, passível, portanto, de reforço ou reconstrução pela ciência.
                    Nesse sentido, qualquer ditame sem fundamento que contradiga o estabelecido é considerado enganoso ou falso. Mesmo assim, a era digital – que amplia o acesso aos saberes – dá espaço crescente a plataformas ou canais de desinformação.
                    O maior canal é o milionário Brasil Paralelo (BP), cujos “documentários” em vídeos visualmente bem feitos seduzem um público crescente e mais jovem, em centros educativos e igrejas nas favelas, mal assistidas pelo Estado.
                    Através das redes sociais, onde investe R$ milhões em anúncios, a BP veicula negacionismo científico e histórico destruindo o espírito crítico e político fomentando, portanto, ódio, intolerância e violência. E isso já preocupa as autoridades cientes de seu método.
                    As autoridades conhecem o poder financeiro da BP, bem como o seu poder de desinformar e apontam a consequente anomia social a partir do esgarçamento das instituições educativas e democráticas – e até mesmo da República (res publica, a casa pública).
                    É preciso combater a BP e a extrema-direita que a financia. Esta última é pelo voto, o que necessita de nova forma de convencer a massa. já combater a BP necessita de mais cálculo, estratégia e dinheiro – e o mecanismo certo de ataque.


Prisão de milicos golpistas 1- valores invertidos

              As Forças Armadas e as PMs são simbolizadas como instituições de disciplina, força e hierarquia. Mas a História nos revela que isso não tem nada a ver com caráter. Que o digam Mauro Cid e os kids pretos da intentona bolsonarista de 8/1/23.
                    Preso por crimes ligados às joias sauditas e como partícipe da reunião do golpe na casa de Braga Neto, Cid foi enrabado pelo STF para contar tudinho o que sabe, o que contribuiria para a operação Contragolpe da PF que desmantelou  a quadrilha golpista.
                    Essa operação indiciou o ex-presidente Bolsonaro e mais 39 pessoas, várias delas militares. Isso levou o general Braga Neto a procurar o pai de Mauro Cid para conseguir informações da nova delação.
                    Só que Braga Neto foi pego na botija e foi em cana. Por isso e por ter reunido a quadrilha na sua casa. Sua prisão revela que as instituições militares carecem muito dos valores corretos – que incidem no caráter.


Prisão de milicos golpistas 2- lições

              A Comissão Nacional da Verdade (CNV) 2012 reconheceu apenas o ex-coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra como criminoso por tortura e morte na ditadura militar. Decepcionou por manter impunes os demais milicos igualmente criminosos.
                    O veredicto do CNV reforçou a descrença popular na chance de militares serem punidos de fato um dia. A patuleia vê o STM (Supremo Tribunal Militar) como um desperdício de dinheiro, por manter tantos exemplos de impunidade.
                    Mas, na era Lula 3, desde a CPMI do Golpe vimos milicos da PM-DF e do Exército serem presos pela Intentona do 8/1. Entre os do Exército estão presos o tenente-coronel Mauro Cid, 6 oficiais kids pretos (forças especiais), e o general Braga Neto, todos do Exército.
                    Após Cid, Braga Neto quer prestar delação premiada. Pelo visto, a prisão de milicos gera ao menos duas lições: a lei cumprida horizontaliza as relações de classe; e a prisão faz os milicos entenderem o valor da retidão.
                    E para Lula, em particular, se ergue o privilégio da história de ser o governante a testemunhar a ação da institucionalidade pela democracia e pela República.




                    












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