Iniciada nos Estados Unidos, a história da
Internet se confunde com a da informática (EUA-Inglaterra), dada a época de seu
germe, a sua origem estatal e os seus objetivos de rastreamento político de
nazistas e soviéticos – aos quais as populações se viam alheias, por ter sido segredo
de Estado.
A privatização e a posterior popularização
dessas tecnologias possibilitou a proximidade virtual por afinidade, em que
usuários acessam maior gama de informações cotidianas ou acadêmicas, e
entretenimentos como chats de relacionamento e jogos. Foi um pulo para
chegar em nossas telas os mensageiros instantâneos e as redes sociais.
Efeito fulminante
Mensageiros instantâneos e redes sociais
concretizaram proximidades virtuais por afinidades gerando nova dinâmica de
relações interpessoais e sociais, bem como entre usuários comuns, empresas,
órgãos públicos e grupos políticos. E viraram terreno fértil para a ultradireita.
Foi pelas redes de contato que políticos
extremistas penetraram na vida pública seduzindo milhares de usuários com suas
publicações, numa eficiência comunicacional eficiente baseada no disparo
massivo. Os nazifascistas Donald Trump e Jair Bolsonaro foram eleitos dessa
forma.
O disparo massivo de posts audiovisuais
de conteúdo apelativo tem alcance muito longo, até públicos mais isolados,
pouco ou não letrados e de mentalidade moral-punitivista, não detectores de
desinformação e esquecidos pela esquerda. Assim se beneficia a capilaridade da ultradireita.
Outros ataques
No calor dos fatos sociopolíticos no Brasil e no
mundo em meados de 2024, o trilhardário Elon Musk entrou na sua rede X
(ex-Twitter) acusando o STF de censura. Acabou tendo o X temporariamente
suspenso, só retornando após pagar uma multa milionária.
Por Musk depreciar governos progressistas do
Brasil, da Austrália e da Bolívia, e o nosso STF, os bolsonaristas viram no X a sua maior e melhor referência ideológica. Mas Musk já mostrou o seu viés após comprar a
rede: ele demitiu sumariamente funcionários de viés progressista.
Como se não bastasse, outro CEO entrou em cena
no início dessa semana. É Mark Zuckerberg, dono do Facebook, uma das plataformas integrantes da Meta.
Esta última agrega empresas de aplicativos, entre elas os muito
populares Instagram (rede social) e WhatsApp (mensageiro
instantâneo).
Segundo "Zuck", como é conhecido, “tribunais
secretos na América Latina” (leia-se STF) “querem censurar a liberdade
de expressão dos usuários”, e declarou que suas redes sociais “não farão
mais checagem rápida em postagens comprometedoras ou que possam ofender
minorias”.
Ele disse ainda que suas redes abolirão a política
de diversidade e permitirão posts que julguem condutas como homossexualidade e transexualidade
doenças, mesmo após a OMS as excluir em definitivo. E completou que as redes precisam ter “mais energia masculina”. E ganhou um aliado nesses pontos.
A franquia de fast food McDonalds declarou em
nota que não seguirá mais a política de diversidade, e ganhou a simpatia dos
bolsonaristas, que certamente lotarão suas lanchonetes só por causa disso. A empresa
agradecerá com os lucros tão volumosos quanto os incentivos fiscais do governo brasileiro.
E não esqueçamos do advogado e Pulitzer do jornalismo,
o ex-Intercept Brasil Glenn Greenwald. Homossexual assumido, ele tem defendido
divulgadores de conteúdos de ódio. Como judeu, já defendeu um neonazista. Ele se
justifica nos “princípios libertários da Primeira Emenda Constitucional dos
EUA”.
Não por acaso, ele acusa principalmente o STF de
censura, ao criticar o banimento judicial de perfis que postam conteúdos de
ódio contra a honra de alguém ou a minorias, e reiteradas mentiras contra a
ciência e a história. Uma clara defesa à imposição global dos princípios em que
acredita. O problema é que o Brasil não é os EUA e isso tem que ser respeitado.
Resposta dupla do Brasil
Mas os ataques de Musk, Zuck e da rede de fast food
não ficaram sem resposta. Antes mesmo da McDonalds lançar seu manifesto em
nota, o ministro do STF Alexandre de Moraes disse que o Brasil “não é terra
sem lei, as plataformas também têm que seguir a lei”.
Vários colegas de STF, entre eles Gilmar Mendes
e Flávio Dino, e membros do governo Lula 3 deram plena concordância à resposta
de Moraes. Todos sabem que os ataques turbinam o ódio da extrema-direita aqui e
mundo afora – uma verdade inconveniente, mas inevitável.
Punibilidade-
enquanto no Brasil a checagem é obrigatória graças à tipificação de crimes
cibernéticos no Código Penal, na Europa ela integra a lei de regulação das
mídias, que o PT quer copiar. As big techs aceitam postagens criminosas
no Brasil devido à falta de regulação.
É claro que, não raramente, as mesmas big
techs façam jogo sujo com alguns usuários, tornando indisponíveis à
visualização pública algumas postagens inofensivas, ou aquelas que porventura
vão contra os interesses de grupos políticos ou empresariais ligados à extrema-direita.
Agora, a Advocacia-Geral da União (AGU) já se
pronunciou sobre a demonstração de empáfia da Meta, e exigiu desta última uma
resposta sobre o fim da moderação de conteúdo. A empresa respondeu, se
justificando no suposto comprometimento com a transparência e com direitos
humanos.
Em fria análise
Glenn Greenwald justifica sua posição na
Primeira Emenda Constitucional dos EUA, que prevê a liberdade absoluta de
expressão. E vale destacar que, exceto os chineses Tik Tok e Kwai
e o russo Telegram, as big techs dominantes que protagonizam essa tática de ódio são todas
estadunidenses.
No século XX, em especial a partir dos anos
1940, a exportação de cultura (em que subjaz o moralismo de costumes e o
liberalismo econômico) para todo o Ocidente, e a exploração direta de
recursos em terras alheias incutiram nos estadunidenses o espírito
imperialista.
O exemplo veio na própria invenção da
informática moderna e da internet para espionar nazistas e soviéticos. E como o capitalismo e a citada Emenda já
existiam, não se espera uma democratização política real entre as big techs
– daí as postagens de ódio e de extremismo político não serem uma novidade, apenas se renovam e se inovam com o tempo.
Mas... cabe frisar que a citada Emenda não
impede incoerências práticas. A cultura política dos EUA impede a ascensão de
socialistas como Bernie Sanders ao poder, e inibe o interesse pelas verdades
inconvenientes do pensador-escritor Noam Chomsky, que vive aqui.
Mas a acusação de censura de censura se
desculpando na lei estadunidense é tudo que desperta o interesse de Zuck, Musk
e outros de franquias como McDonalds. Daí não surpreender a permissividade das big
techs a postagens comprometedoras de qualquer ordem.
Acontece que não existe lei que obrigue as
demais nações de seguirem a lei dos EUA. A legislação brasileira segue o
princípio da liberdade relativa de expressão, onde o “fala o que quiser
e ouve o que não quer” (de preferência argumentando) fomenta o debate
dialógico.
Na real, a liberdade absoluta de expressão só
funciona na dominação ampla da ordem imaginada de um grupo específico sobre os
demais. O elitismo em processos judiciais é um exemplo claro. Se permitido, o debate dialógico
o dissolve. Daí a ultradireita não ser novidade nas redes sociais, que surgiram e foram desenvolvidas no meio capitalista.
Aê, Lula 3!- o
Brasil, tanto pela fala firme de Alexandre de Moraes no STF quanto pela exigência
de Jorge Messias na AGU, mostrou que possui institucionalidade e princípios
legais, ainda que, por outras experiências, a patuleia tenha conhecido a cultura
elitista no mundo do judiciário.
E nessa questão da conquista das plataformas pelos
grupos de extrema-direita, vale uma sacudida no governo Lula. Mesmo visivelmente
ativo para restaurar o país da quebra do governo anterior, Lula 3 não consegue
fazer com que seus feitos penetrem no grande público que o elegeu.
Isso tem a ver com o formato das suas publicações
em redes sociais. Nelas dominam esses enfadonhos banners com textos, em relação
aos atraentes vídeos – que unem imagem, mobilidade e converte texto em áudio –
com o presidente. Daí a queda da patuleia pelas publicações profissionais e muito bem pagas da
ultradireita.
Lula 3 pareceu ter atendido a apelos de vários
setores: substituiu Paulo Pimenta pelo marqueteiro Sidônio na Secom. Vamos ver
se deslancha. E, quiçá, por que não realizar um disparo massivo de audiovisuais
dos feitos positivos do governo, considerando-se a veracidade plena e a sua legalidade? Experimentem, de repente vale a pena! Antes tarde do que nunca.
Para saber mais
- https://youtube.com
(canais A nova máquina do tempo, Desmascarando, O historiador,
ICL Notícias e outros correlatos)
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