domingo, 16 de março de 2025

Ligeirinhas 15 (papa Francisco, Hugo Motta e fascismo)

 

A LUTA DO PAPA FRANCISCO... E DA ICAR

            A colonização portuguesa e espanhola das Américas não só expandiu impérios, como também propiciou a hegemonia da igreja católica apostólica romana (ICAR), que enfrentaria a eclosão do protestantismo por movimento do ex-monge agostiniano Martin Lutero, na Alemanha.
            Deu certo: hoje o catolicismo ainda é a fé cristã dominante, com 1,2 bilhão de fiéis pelo mundo. Mas nos últimos 30 anos ocorre uma retração lenta e contínua, enquanto crescem o islamismo, o pentecostalismo e o ateísmo. Isso tem preocupado muito a cúpula do Vaticano.
            Entre as tentativas de solucionar o problema, o Vaticano resolveu apostar em eleger candidatos não europeus ao papado. O intento era eleger alguém carismático, popular e bem disposto como o finado João Paulo II. E esse momento tão oportuno chegou em 2013.
            O reformista diferentão – em 2013, a renúncia do burocrático papa Bento XVI favoreceu a eleição de Mario Jorge Bergoglio, o Papa Francisco. Argentino, ele furou o antigo requisito europeu. Franciscano, ele se formou para uma vida simples e se dedicar aos pobres.
            Ainda em 2013, logo após a posse, Francisco passou no teste de carisma, popularidade e disposição. Na ilha de Lampedusa, confortou refugiados. No Rio de Janeiro, lotou a Jornada Mundial da Juventude. Já foi flagrado fazendo caridade para moradores de rua em Roma.
            Mas Francisco também arrepiou a cúpula. Abençoou casados pós-divórcio e casais homoafetivos, perdoou mulheres que abortaram, já declarou defender grupos progressistas da ICAR e até hoje critica o descaso dos capitalistas – inclusos líderes cristãos – com o planeta.
            Um problema – ao ser eleito e empossado Papa, Francisco já contava mais de 70 anos de idade e porta uma afecção pulmonar adquirida na juventude. O Vaticano já sabia disso, mas resolveu apostar nele. Agora, com 88 anos, a afecção pulmonar virou pneumonia bilateral.
            O temor dos católicos pela vida do pontífice se deve à ciência de que, na juventude, Bergoglio teve que se submeter a uma cirurgia que retirou parte de um dos pulmões devido a um acidente pretérito.
            Fria análise – segundo o hospital Gemelli, Francisco segue “estável e tranquilo” após episódios de piora respiratória em 3 semanas de internação. Mas o Vaticano já começa a mexer os pauzinhos a portas fechadas, dada a possibilidade de o papa atual não ter uma sobrevida suficiente.
            Imaginando a chance de Francisco não resistir, a Cúpula vaticanista já debate sobre o futuro papa. Os fiéis se dividem em elucubrações diversas – e possível conspiração profética – mas compartilhando a certeza da saúde delicada do papa e a incerteza do futuro da ICAR.
            Mas é certo que, conflitos internos à parte, Francisco imprimiu à ICAR uma face um pouco mais humana, flexível, mais próxima dos fiéis. E, dado o avançar do nazifascismo pelo mundo, o sucessor de Francisco terá o desafio de manter essa humanidade tão necessária.
Para saber mais


OS INIMIGOS DE FRANCISCO

            Como descrito antes, Papa Francisco agora luta contra um mau quadro respiratório. Se bem que as últimas notícias do hospital Gemelli são mais animadoras: ele está fora de perigo, mas ainda inspira cuidados, fazendo fisioterapia e exercícios respiratórios e espirituais.
            Nesse ínterim, o pontífice volta à ativa, embora o seu trabalho seja nesse momento mais leve, até por orientação médica. Aproveitando a progressiva remissão infecciosa, ele prepara seu próximo objetivo: um novo ciclo de reformas na ICAR.
            Sínodo – um dos objetivos do pontífice é a realização do Sínodo (reunião com bispos), a partir de um texto com proposições diversas em que a ICAR pode incentivar os fiéis a debater.  Neste Sínodo, ele pretende conversar sobre o novo ciclo de reformas para implementar na ICAR.
            ICAR flexível – já vimos que Francisco é tão popular quanto o conservador e centralista João Paulo II, mas difere radicalmente deste e do burocrático e vaidoso Bento XVI. Reformista, ele aprovou um texto sobre o processo de reformas na ICAR para torna-la “mais acolhedora e responsiva”.
            A evasão de fiéis invocaria em todo papa o desejo de tornar a ICAR mais acolhedora. O problema é como realizar e materializar esse desejo. Mas Francisco especifica a sua intenção de debater sobre o papel feminino no diaconato e a inclusão de fiéis da comunidade LGBTQIAP+.
            São pontos “muito delicados e complicados” para a numerosa parcela conservadora de prelados participantes do Sínodo. Mas o Papa quer o processo de reforma acontecendo , para concluir em sua finalidade em 2028. E isso faz com que o pontífice esteja envolto de muitos inimigos.
            Aliás, desde o início Francisco coleciona inimigos. O Vaticano pode ser o principal local deles, mas há outros por aí, não referidos na mídia. Há os inimigos político-ideológicos. Vale lembrar que Steve Bannon queria “matá-lo”. E agora quem deseja a sua morte é a turba nazifascista daqui, enquanto ele se recupera para transformar a ICAR.
Para saber mais


O POSSÍVEL PERIGO HUGO MOTTA

            Em fevereiro deste ano, Arthur Lira (PP-AL) saiu da presidência da Câmara dos Deputados. Após dois mandatos de opressão com direito a chantagens e ameaças, ele deu lugar ao novo eleito, Hugo Motta (Republicanos-PB). A ascensão de Motta teve apoio até da bancada petista.
            Ele deu alívio para os governistas quando, na sua posse, disse “não vai haver impeachment” de Lula. Para parte da patuleia que assistiu, ele findou a arrogância opressiva: Lira foi considerado a figura pública mais antipática, segundo pesquisa de opinião. Mas, Hugo é mesmo melhor?
            Prólogo – Hugo Motta é médico da Paraíba. Sua estreia na política federal o aproximou de Eduardo Cunha por afinidade ideológica e de fé. E como bom aluno de Cunha, se aproximou de Lira, seu colega mais velho e com quem aprenderia outras “coisitas más”.
            Temperamental – segundo a grande mídia, o novo presidente da Casa é bastante diferente de Lira. Não é só por ser mais jovem (ele tem 35 anos, Lira 55). Hugo Motta também é conhecido por sua “amabilidade” – claro, segundo os jornalões. Mas calma, muita calma nessa hora.
            No grito e soco na mesa, ele findou a baixaria entre a turba bolsonarista e o governista Lindbergh Farias. Em reunião recente com a bancada feminina, ele foi agressivo ao negar regime de urgência em pautas femininas, ao ponto de aliados pedirem sua retratação às deputadas. É carne de pescoço.
            A outra face – antes das supracitadas explosões, ainda na posse, Hugo Motta acenou para votar a proposta de anistia aos protagonistas da intentona de 8/1ao justificar que “não houve tentativa de golpe de Estado, porque não houve líder”. Como se as redes sociais escondessem os líderes.
            A declaração deu esperanças aos bolsonaristas, que a aproveitaram para encher suas redes de mais mentiras ególatras. Um alívio ante o temor do julgamento de Bolsonaro e milicos presos e do toc toc toc da PF às 6h da manhã em suas residências, por incentivo à intentona.
            Por outro lado, a recém-empossada presidente do Supremo Tribunal Militar (STM) disse que a declaração de Motta revela “desconhecer a história”, salientando que “houve tentativa de golpe, que poderia ser desfechada se houvesse GLO”. Mas bolsonaristas não gostam de mulheres.
            Centrão – em meio à disputa da presidência da Câmara, o então concorrente pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) viralizou um vídeo no qual aponta que Motta é a continuidade política de Arthur Lira. Ele estava certo: Motta é do Centrão, o oportunista que segue quem paga bem melhor.
            Se Lula 3 pagar melhor do que Bolsonaro, o Centrão será “lulista”, aprovando melhor suas propostas. A Resolução 1/2025 das novas regras, de emendas, que facilita o repasse das mesmas para bancadas partidárias sem identificar quem realmente propôs os recursos, foi promulgada.
            Essa nova Resolução desafia o STF em termos de legalidade.  Desafia o governo federal em torno da disponibilidade da quantia aprovada, estimada em até R$ 50 bilhões. E os bolsonaristas, em caso de possível aprove da mesma pelo STF e Lula pagar o combinado.
            Político experiente, Lula sabe quem é Hugo Motta. Sabe da sua proximidade com Lira. E nos bastidores se sabe que ele comprou uma penca de bois do alagoano para tocar o seu latifúndio na Paraíba. E tem apoio da bancada ruralista. No campo, a violência continuará com certeza.
Para saber mais





















Um comentário:

CURTAS 98 - ANÁLISES (Brasil- Congresso)

  A GUERRA POVO X CONGRESSO                     A derrota inicial do decreto do IOF do governo federal pelo STF foi silenciosamente comemo...