O MUNDO RESPONDE A TRUMP
Nos EUs, o Golfo do México
virou Golfo da América: Trump mandou demitir o repórter que repetiu o nome
certo. Reativou Guantánamo (onde quer mandar imigrantes considerados criminosos),
insiste em anexações, e tarifou produtos de outros países – mais ainda os dos BRICS.
Além de autoafirmação
pessoal, o tarifaço é a resposta de Trump ao intento dos países do BRICS em
desdolarizar o intercâmbio econômico. Recrudesceu
o velho embargo econômico contra Cuba, acentuando a crise interna da ilha
caribenha. E usa a guerra de Israel para tomar Gaza para si.
Trump diz que está apenas “fazendo
a América grande de novo” (seu slogan), como se América fosse só os EUs. Mas
nem seu país escapou: após deportações, ele cortou recursos para a ciência e de
aposentadorias, e demitiu servidores críticos de seu governo. Protestos agora
varrem todo o país.
Mas não ficou sem resposta.
O Canadá entrou com a política de boicote aos produtos estadunidenses, o que
pode ser copiado pelos outros países. Brasil e China entraram com a política de
reciprocidade em taxar importados dos EUs – e podem ser também copiados. Deu
efeito.
Trump “chilicou” com o
Canadá, após este responder com boicote a produtos estadunidenses e taxar a
energia fornecida a três Estados dos EUA. Trump apostou em dobrar a taxa de 25
para 50% nos produtos canadenses. E o Canadá respondeu: “então cortaremos a
energia ofertada”.
Ele reclamou das “altas
taxas” impostas pelo governo brasileiro sobre os produtos estadunidenses. Mas
tudo indica que a recíproca do Brasil perdurará enquanto o estadunidense para
taxar produtos de lá classificados como supérfluos (fora da recente política de
isenção) continuará.
Inicialmente visto como
detalhe midiático, o gesto nazista de Elon Musk teve resposta forte. A Tesla
(carros elétricos) teve queda de 50% de valor, ainda mais na Europa, com a
destruição dos veículos. E agora o X (ex-Twitter) enfrenta “instabilidade global”:
na prática, foi um bloqueio mesmo.
A política de Trump pode
revelar algo mais do que ideológico. Apontamentos de ele ter personalidade
imatura ou antissocial fazem sentido no lema make América great again
(fazer a América grande de novo), na absurda crença de que Biden “diminuiu” a
hegemonia dos EUA.
O pior efeito da política
ameaçadora de Trump será sobre os EUs. Além dos protestos contra o governo em
todo o país com reprovação mais do que aprovação, a inflação poderá ter escala
inédita. E com isso, mesmo avançando sobre o judiciário “com juízes de
esquerda”, Trump já põe seu cargo em risco de impeachment.
Para saber mais
A Organização dos
Estados Americanos (OEA) é uma instituição que trata dos interesses comuns
a todos os países do Supercontinente Americano. Tais interesses se dividem em
vários ramos temáticos, desde a economia, passando em políticas públicas até
direitos humanos.
Cada ramo tem seu
representante relator que, quando escalado pela cúpula da OEA, vai ao país do
qual partem denúncias de violações. Na política, o relator foi o colombiano
Pedro Vaca, para atender a parlamentares bolsonaristas que choraram suposta
violação da liberdade de expressão.
Pedro também ouviu – e viu
os documentos dados como provas – dos parlamentares governistas e de esquerda.
As provas documentais que revelaram a verdade da liberdade de ouvir diferentes
espectros ideológicos impediram o colombiano de cair na conversa dos nomes da
ultradireita.
Ele percebeu que, de forma tão
transparente quanto água potável, a liberdade de expressão reclamada pelos bolsonaristas
é a deles, os demais devem se calar. Os documentos mostrados pelos parlamentares
governistas provaram que não há censura, apenas a liberdade responsável da democracia.
Mas há um paralelo. Recentemente,
o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH), após denúncias à OEA, por violar DHs de uma comunidade quilombola
legalmente assentados perto da Base Espacial da Aeronáutica em Alcântara
(Maranhão). A denúncia é antiga.
Considero muito válida a
vitoriosa denúncia citada, que teve apoio de políticos e de populares. Não
importa o governo, esse mal tem que ser remediado. Mas chama atenção que nem as
fontes independentes e anticapitalistas explicam: por que as referidas instituições
não denunciam até hoje Javier Milei e Donald Trump?
Em relação a Trump já
sabemos: a OEA é aparelhada pelos EUs, apesar das evidentes violações de
direitos humanos. E Milei roubou os argentinos em pirâmide financeira com criptomoeda.
E aqui, mesmo ex-presidente inelegível, Bolsonaro alimenta o extremismo
inflamando seu público.
Em relação a Bolsonaro, o
voto por sobrevivência o derrotou. Mas a ultradireita permanece forte. Milei
tem condições de perder se denunciado pela OEA. E não terá como abraçar Trump: este
lhe será indiferente, já que não prestará mais. Ainda assim, clamemos: OEA, para
cima deles!
Para saber mais
Na iminência de passar pelo
julgamento do STF marcado para o dia 25 de março, o ex-presidente Jair
Bolsonaro compareceu ao comício na praia de Copacabana no dia 16, organizado
pelo pastor Silas Malafaia. Ele dividiu o trio elétrico com o pastor,
governadores do PL e parlamentares.
Após viralizar seu vídeo de
convocação, o pastor extremista esperava, como os Bolsonaro, que a avenida
Atlântica lotasse como em 7/9/2022. O ex-presidente esperava 1 milhão,
suficiente para provar sua popularidade. Mas o contador de gado da USP contabilizou
em torno de 18,3 mil.
18,3 mil já são uma boa
parcela do contingente que vive na realidade paralela. Enquanto os memes
viralizam mais do que o chamado de Silas na internet, Eduardo Bolsonaro
anunciou ao seu público que se licenciará temporariamente do cargo para ficar
de vez nos EUA – já está lá há 2 semanas.
Para muitos, sua viagem foi
uma fuga para escapar à prisão iminente e à possível apreensão de seu
passaporte pela PGR. Muita calma nessa hora. A realidade não é tão superficial
quanto parece. Como reza o dito popular, há caroço nesse angu. Um caroço tão venenoso
quanto misterioso.
Eduardo é o articulador
brasileiro da internacional nazifascista high tech da CPAC. Ele
encontrou Trump na Casa Branca e depois visitou Olavo de Carvalho na Virgínia logo
antes da invasão do Capitólio em 6/1/2021. Em 15 viagens aos EUA, ele solicitou
a intervenção estadunidense aqui.
Eduardo é um dos sócios da Global
Bras Holding LLC, de ramo de atuação ignorado e localizado na residência do
sócio Paulo Generoso, onde há dois outros entes, Instituto Liberdade e empresa
Liber. Todos na sociedade (incluso André Porciúncula) atuaram em fake news
sobre eleições.
Nesse meio tempo houve fatos
importantes: Elon Musk, liderou desafio das big techs contra a
legislação brasileira na questão dos perfis de ódio. A onda incendiária pelo
Brasil todo por onde o ex-presidente passou. As duas arremetidas do avião
oficial de Lula 3, a última na segunda, dia 17/3.
Cabe apontar a explosão de
bombas caseiras com inscrições de suposta ameaça ao antigo PCB, em Curitiba,
local onde o bolsonarismo anda à vontade. As três questões – do fogaréu
criminoso, do avião e das bombas – são ainda meras especulações pessoais. Mas
podem ser diferentes tipos de um aviso da força da ultradireita.
Por isso, deixo meu alerta
às autoridades e à população: atentem-se aos movimentos dos Bolsonaro, especialmente do filho Eduardo.
Atentem-se a cada bomba deixada num ponto qualquer tornado estratégico, destinada
a uma suposta agremiação política ou a alguém político. Estamos em tempos
obscuros. Todo cuidado é pouco.
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