sexta-feira, 28 de março de 2025

Ligeirinhas 20 (terceirização, Marina, Bolsonaro réu)

 

TERCEIRIZAÇÃO = CORRUPÇÃO

            A categorização profissional com cargos e funções precípuos resulta, desde a Antiguidade, da urbanização. O desenvolvimento do capitalismo e a evolução urbana e tecnológica impulsionaram a diversificação crescente de cargos e categorias profissionais, e mudam as relações mercado-Estado.
            As relações Estado-mercado são moldadas pela burocracia legal, que tende a favorecer o capital. Daí nasceu o neoliberalismo, que ao pregar o Estado mínimo (privatização) e vinculações público-privadas, possibilita formatações trabalhistas mais precárias. Uma destas é a terceirização.
            Terceirização – é a contratação de RHs vinculados a empresas contratadas. Organizações públicas e privadas contratam empresas que “alugam” seus RHs para prestar serviços inerentes às necessidades das contratantes por tempo determinado. No Brasil, o regime empregatício é a CLT.
            Tanto a contratante quanto a contratada podem ser públicas ou privadas, evidenciando a abrangência do sistema até em atividades-fim. Os meios públicos com mais terceirizados são a saúde e a educação, superando servidores RJU. O ônus dos custos com pessoal cabe à contratante.
            Diferentemente do servidor RJU e do contratado temporário da União (CTU), que são diretos, o terceirizado custa à entidade contratante de 3 até 8 vezes – mais caro do que aqueles. É normal a contratada tirar daí sua margem de lucro e encargos, mas é tanto assim? Aí pode haver problemas.
            Opacidade – como o controle social (ainda restrito) se restringe às ações dos serviços públicos, é normal a patuleia desconhecer os contratos de terceirização. A natureza lucrativa das terceirizadas favorece a falta de transparência nos trâmites contratuais, podendo induzir corrupção.
            Já houve reportagens de terceirizadas fantasmas, que desaparecem repentinamente deixando os RHs ao deus dará após denúncia. Ou paralisação de RHs em poderes públicos por não remuneração em meses. O silêncio dos jornalões não significa que entre entes privados não ocorram crimes.
            Se o intento criminoso pode se infiltrar no contrato entre as partes, o silêncio midiático pode revelar antijornalismo. Espera-se jornalão defender o neoliberalismo, mas não consentir com o crime que envolve grana que torna os RHs uma verdadeira mina de ouro para as terceirizadas.
            Tantas vezes midiatizada com o slogan de empregabilidade ampla, a terceirização tem, muito mais, outros significados. Um deles é o desmonte do Estado enquanto beneficente e protetor da nação. O outro é o favorecimento para infiltração de gestores mal intencionados com a grana empregada.
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“ENFORCAR MARINA”: ATRÁS DA FALA MACHISTA

            Conforme o governo, certas áreas do poder público se tornam nevrálgicas. Na saúde e na educação reina a cobiça (volume de recursos). No meio ambiente, a indiferença explica o mau investimento. Nessa pasta já passaram dezenas de ministros, mas uma exceção virou sinônimo.
            Marina Silva – ela é o sinônimo. Não é para menos. Ninguém tem o seu estilo de atuar, que abraça apertado a causa – daí o reconhecimento internacional e o profundo respeito de Lula. Mais do que promessa de campanha, sua nomeação veio para mediar a crise entre a BR e o IBAMA¹.
            Nesse março, durante um debate, o senador amazonense Plínio Valério, um tucano do Centrão, mas próximo aos bolsonaristas soltou uma pérola durante evento da Fecomércio no plenário da Casa: “imaginem ter que ouvir Marina Silva por mais de 6 horas, me deu vontade de enforca-la”.
            De imediato, a frase rendeu reações. Em nota, a procuradora Especial da Mulher do Senado, Zenaide Maia (PSD-RN) e a colega Elisiane Gama sugeriram, com solidariedade de Davi Alcolumbre, que Plínio se desculpe publicamente. Leila do Vôlei sugeriu resolver a cultura machista imperante pela educação.
            Mas o tucano recusou se retratar, justificando que “só foi uma brincadeira”. Desnecessária e de péssimo gosto, vale apontar. E ele foi mais longe ao afirmar que os senadores “se sensibilizaram mais com Marina Silva do que com as mortes pela Covid19 no Amazonas pela falta de oxigênio”.
            Machismo à parte, a fala se refere ao tempo de uma sessão na CPI das ONGs em 2023, empreendida por Valério 4 anos antes. Em pontos de seu relatório final m que enfatiza o “poder emancipador do cristianismo e do iluminismo” aos indígenas e desdém às ciências, ele revela a sua verdadeira face.
            Ele é da elite ruralista que lota o Congresso. Vale investigar se ele está entre os que devem quase R$ 1 trilhão à Receita. Há uma pousada de estilo chalé de sua propriedade em área de proteção ambiental e sua agenda é anti-indígena e antiambientalista. É o “agrobolsonarismo” em plena ação. Contra ele, só o agro ecologicamente correto.
Nota: ¹exploração de petróleo e gás na Foz do Amazonas.
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MARCAS DE UM JULGAMENTO HISTÓRICO

            Em 24 e 25/3, o Brasil e o mundo se atentaram ao STF. Na grande sala do plenário, em que as discussões e votos de processos se desenrolam, o tom monocórdio imperou na leitura dos votos sobre denúncia de tentativa de golpe de Estado entregue pelo PGR Paulo Gonet, também presente.
            No primeiro dia, um barraco ocorreu no hall de acesso da instituição. Eram capangas, digo, parlamentares bolsonaristas, que explodiram com os seguranças por terem acesso impedido ao plenário. Por ordem do STF, que já previa possível perigo de destruição e violência se houvesse permissão.
            Em processo relacionado, Luiz Fux tentou amenizar para a pichadora de batom, mas recuou ao reconhecer os crimes. O placar final dos votos tornou réus o ex-presidente Bolsonaro, milicos de alta patente e outros. Partidários marcadamente antifascistas comemoraram nas redes sociais.
            A comemoração foi somente nas redes, com notas curtas de parlamentares e jornalistas, para manter integridade física diante de possível violência presencial dos bolsonaristas. Alguns políticos declararam como “um fato histórico” todo o trâmite dos órgãos judiciários envolvidos. E de fato, o foi.
            É uma historicidade plena, a considerar o contexto sociopolítico bem especial. Os bolsonaristas acharam que Trump 2 interviria para impedir o julgamento. Pela primeira vez na história da República, nomes da elite militar poderão ser condenados à prisão. E acontece no terceiro governo Lula.
            Em relação aos militantes bolsonaristas, o julgamento do STF revela que a interferência estrangeira é impossível pelo direito internacional prever a soberania das nações, enfraquecendo a costura de Eduardo Bolsonaro por golpe forçado pelos EUA comandado por Trump 2.
            O julgamento pelo STF ainda mete a borracha na tese de que a justiça civil não pode julgar militares. Pode, ao menos em contextos como o que foi desenhado pelo ex-presidente. E vale como lição para o STM reconhecer que há crimes militares, como golpe de Estado tentado ou consumado.
            Finalizando, o julgamento ocorre num governo cujo protagonista emergiu de uma vida miserável para se tornar – defeitos e críticas à parte – para se tornar a maior liderança estadista internacional reconhecida, e ainda está consertando um país traumatizado pela passagem anterior.
Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=VVSc9ZpYY1Y. (Veja – STF torna Bolsonaro réu e processo prevê concluir processo até o fim do ano)




























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