domingo, 6 de abril de 2025

Ligeirinhas 21 (atenção, São Paulo!)

 

Atenção, paulistas!
O VETADOR-GERAL DO ESTADO

            Nas eleições de 2022, para governador do estado de São Paulo, os finalistas no segundo turno foram Tarcísio de Freitas e Fernando Haddad. O primeiro é carioca, o segundo, paulista de nascimento. Após corrida acirrada de empate técnico, no final a patuleia escolheu, enfim, o carioca.
            Isso não é nenhum problema. É perfeitamente aceitável. O problema é que, diferente de Haddad, Freitas não tinha endereço em São Paulo até então. Como governador eleito, o seu endereço fixo passou a ser o palácio dos Bandeirantes, a residência oficial do governador do Estado.
            Mas, não é esse o objetivo desse texto, e sim as condutas assumidas por Tarcísio desde que se apossou do cargo. Elas não só revelam a vocação pela política de interesses, de ética duvidosa, nas suas relações com o adverso Lula 3, por exemplo. Mas isso faz parte da política na democracia.
            O problema mesmo é interno. Privatizações indiscriminadas aproximam Tarcísio de FHC tornando-o novo queridinho dos jornalões – que não criticaram a intenção de privatizar toda a rede estadual de educação básica, e se calam também sobre outro feito preocupante.
            É que Tarcísio se tornou o governador recordista ao vetar 238 projetos de lei criados e aprovados pela Alesp desde que assumiu o cargo. Apesar dos Legislativos estaduais também terem a competência de revogar o veto do Executivo, isso não houve. É ruim, mas tem explicação.
            É que o presidente da Alesp nesse momento é André do Prado, um bolsonarista assumido, que assentiu aos vetos de Tarcísio – bolsonarista que os jornalões em jocoso carinho consideram “moderado”, mesmo sendo do partido dos Republicanos. Mas, isso não importa nem um pouco.
            A consideração carinhosa dos jornalões explica em dois pontos: SP é o Estado-referência em termos econômicos, e Tarcísio foi tornado político-modelo para presidir o país, cujo Estado, bem mais magro do que a média entre os países da OCDE¹, ainda é considerado inchado por eles.
            É certo que os vetos assentidos se relacionem a pautas incômodas aos bolsonaristas, como direitos humanos, meio ambiente, inteligência policial aprimorada, valorização dos servidores, fiscalização de luz e de saneamento, etc. Aí Tarcísio veta geral, a patuleia padece e o capital e agradece.
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NA PRIVATARIA DE SP, A REDE DE ENSINO

            O governador de SP Tarcísio de Freitas mostra porque é a versão bolsonarista de FHC. Privatizou várias estatais paulistas com direito a marteladas estúpidas na mesa da Bovespa, aplaudidas pelos presentes. O que mais rendeu protesto foi o da Sabesp (saneamento).
            Como já sabemos por experiência, o processo rendeu resultados nefastos para a população, se expressando especialmente em mensalidades caras e serviços prestados com precariedade. Como o serviço de energia (Enel), com seguidos apagões e muitas demissões, e as contas estratosféricas de água e esgoto.
            Entretanto, as péssimas notícias exibidas pelos jornalões (imaginem!) não abalaram a frieza de Tarcísio. Ele continua com a sua sanha de “vender tudo que der” no Estado. Agora, ele se volta sobre um dos setores mais nevrálgicos da seara pública: a rede estadual de ensino.
            Tendo como secretário de Educação o grandão da Leader Renato Feder – que por muito pouco não foi ministro de Bolsonaro –, o governo abriu edital para entregar a gestão de 143 escolas para a iniciativa privada, gerando protestos de professores e pais de alunos.
            Uma ação processual de educadores foi entregue ao MP-SP, que o repassou ao TJ-SP, responsável pela liminar que revogou inicialmente o edital para 33 escolas. O imbróglio parou no STF, que julgou e revogou a liminar em favor de Tarcísio. Um acinte antipopular.
            O MP-SP foi acionado em ação processual dos educadores acusando haver irregularidades no edital em 33 escolas. O MP entregou o documento para o TJ-SP, cuja liminar suspendeu o edital. O imbróglio parou no STF, que revogou a liminar favorecendo o governo.
            A CF-1988 e a LDBEN¹-1996 predizem que a educação é “direito do povo e dever do Estado e da sociedade”. A participação desta é a matrícula obrigatória no ensino básico (infantil ao ensino médio), pública ou, se a renda familiar sustentar o suficiente, no particular.
            Portanto, a privataria do ensino básico não só atenta contra o dever do Estado. Ameaça as famílias periféricas, cujas rendas se esvaem em consumo de 1ª necessidade, que inclui gás, roupa e luz. É obrigá-las a praticar o crime de abandono intelectual, punível com prisão e multa. É o novo ápice higienista educacional.
            Cabe agora a galera paulista refletir: vai mesmo querer encarar Tarcísio à frente da presidência da República, como os jornalões neoliberais tanto querem?
Nota: ¹Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, uma espécie de Constituição educacional.
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