sábado, 12 de abril de 2025

Ligeirinhas 22 (Selic, golpe de Ciro, povo e Lula3)

 

TAXA SELIC E DÍVIDA PÚBLICA:  INTIMIDADE

            O povo sempre escuta os jornalões reportando sobre as oscilações das taxas de juros e suas implicações na economia. Ao assumir o poder, Lula 3 viu juros a 13,75% e criticou o então presidente do BC Campos Neto, devido às dificuldades expostas pelo tamanho da taxa.
            Pelos jornalões, o povo também memorizou a taxa de juros Selic como ligada ao controle de metas inflacionárias visadas pelo governo, muitas vezes ultrapassadas. Sem tempo de relembrar o aprendido no ensino básico, o povo se pergunta: como funciona essa taxa Selic?
            O economês é chato, mas vamos relembrar: juro é taxa sobre capital. O simples taxa a grana inicial; o composto é taxa sobre taxa em cada aplicação de capital; o moratório se refere à dívida não paga, e o compensatório, à aplicação de capital alheio. Mas... e a taxa Selic? Como ela é definida?
            O Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) é a taxa básica de juros sobre a nossa economia interna, definida pelo Copom, grupo de 9 pessoas do alto escalão do BC, incluindo o presidente da instituição, que se reúne para definir as taxas a cada 45 dias.
            Em teoria, ela responde por controle da inflação, retorno de aplicações financeiras e é referência em câmbios de moedas. E isso os jornalões passam o tempo todo para a patuleia. Mas, e sobre a inflação e os valores entre as moedas, qual é a sua relevância?
            Na prática, a definição dos valores da Selic se relaciona a operações de compra e venda de títulos públicos federais. Basta 0,5 ponto acima ou abaixo para subir ou descer quantias em dezenas de R$ bilhões. Sobre a inflação, o inverso esperado é quase nulo.
            O efeito quase nulo das altas no controle inflacionário ou cambial se explica por este não ser o principal objetivo da Selic. O principal é dar lucro à improdutiva classe rentista, que nem chega a 200 mil brasileiros. E em nome de tão poucos, um lado perde.
            São os serviços públicos e os setores produtivos, principalmente os nacionais e de micro, pequeno e médio porte. Quanto maior é a Selic, menor o investimento público e privado produtivo, menos emprego e, também, serviços públicos mais precarizados.
            No Brasil 2025, os títulos públicos são 75% do PIB, com recorde de 81% em 2020.  Ainda assim é muito, mas é menos do que EUA e Bélgica, países onde ultrapassam 100% (os jornalões, nem um pio). E por que o rentismo no Brasil ganha tanto? Isenção de imposto – lá fora é tributado.
            O novo pacote fiscal-tributário de Haddad alveja a classe rentista para aliviar para rendas mais baixas. Mas isso é texto para outro artigo que já escrevi. O que quero aqui é fomentar a consciência: o Brasil é o paraíso fiscal do rentismo. E isso nos escraviza.
Notas: ¹ Comitê de Política Monetária, formada por 9 membros da diretoria do BC, incluindo o presidente.
Para saber mais
- ASSIBGE – Associação de Servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dirigida por especialistas



LULA 3 E A CONTRADIÇÃO POPULAR

                Todos os anos, o político de plantão tem sua popularidade testada pelos institutos de pesquisa, que são os mesmos que fazem levantamentos sobre a intenção de voto. Boa parte da patuleia não acredita nessas pesquisas, mas elas existem em todos os países, democráticos de fato ou duvidosos.
                Mandatário de plantão atual, Lula sempre gozou de forte simpatia popular, graças à natural vocação de comunicador com sua linguagem simples e direta, mesmo diante de grandes eventos e entrevistas coletivas. Seus governos anteriores terminaram com mais de 80% de bom/ótimo.
                Mas, como já escrito antes, desde 2023, os levantamentos têm revelado números de aprove mais baixos do que antes. Os fatores, já sabemos: mudança de mentalidade, onda de mentiras dos bolsonaristas nas redes e prioridade em rádio e TV distante da patuleia em rede.
                Há 1 mês atrás, pesquisa da Genial Quaest sobre avaliação do governo tem revelado números de aprovação tão baixos quanto 27% e mais de 50% de reprovação. A última avaliação já deu queda de 6 pontos na rejeição e subida de 5 pontos de aprovação.
                Como cada pesquisa tem duas fases – a avaliação e a intenção de voto se a eleição fosse no momento – entra um paradoxo: a intenção de voto revela, nas duas pesquisas, que o presidente Lula lidera em todos os seis cenários, conforme junção na figura deste texto.
                Como refletem um momento corrente, os números ruins sobre o governo Lula 3 refletem a insistência de fatores como a mudança de mentalidade política no Brasil, a onda bolsonarista de mentiras e a fraqueza da comunicação governamental mesmo com Sidônio à frente.
                Por outro lado, a tendência para a reversão da impopularidade na pesquisa simulada de intenção de votos reflete a resposta mais agressiva sobre investimentos de indústrias estrangeiras e consequente empregabilidade, apesar dos juros – tudo isso noticiado pelas mídias.
                Tal resposta também pode ser um contra-ataque aos jornalões de massa, que insistem em desacreditá-lo em tendenciosos títulos, e à oposição que armam maneiras de brecá-lo². Fatores, que, nas pesquisas, revelam a relação contraditória dos populares com o governo.
Nota 1 e 2: a ser falado na próxima rapidinha.

Para saber mais



O GOLPE (NADA) SECRETO DE NOGUEIRA

            Visando cumprir uma promessa de campanha do presidente Lula, o ministro Fernando Haddad – comprovado qualificado na área – escreveu o texto de modo a isentar rendas até R$ 5 mil e tributar em taxa baixa quem ganha mais de R$ 50mil mensais, em suave taxa.
            Para zero surpresa da geral, ao receber a papelada assinada por Lula, o presidente da Câmara Hugo Motta (Republicanos) já disse que o texto passará por alterações. Mas, talvez, o maior problema não esteja exatamente em Motta, mas sim em outro líder da direita.
            É o senador Ciro Nogueira, presidente nacional do PP de Arthur Lira. Em meio ao foco no destino de Glauber Braga na Câmara, o senador se reuniu secretamente no com assessores e uma mulher no que chamou de “conciliábulo da Faria Lima”, no BTG Pactual.
            Só que o segredo vazou. É um áudio de diálogo entre Ciro e uma mulher, com vozes ao fundo. No diálogo se destacaram dois temas distintos, embora interligados: a possibilidade de Lula se reeleger em 2006; e a busca de alternativa para livrar os super ricos do IRRF.
            Para ele, Lula “dificilmente se reelege” devido à saúde, mas “é possível” porque “a aprovação da isenção até R$ 5 mil é inevitável”, mas que “é preciso” que “ele não se reeleja”, e apontou que a mulher risonha fosse “adequada” para blindar a elite. A mulher assentia, zombeteira.
            Ela é ninguém menos do que Daniela Marques, que trabalhou no ministério da Economia de Paulo Guedes na era anterior (2019-22)., e de quem tem sido fiel escudeira. Ela presidiu a Caixa no então governo. Para o senador, ela é “adequada” para blindar a elite.
            Ao afirmar que o governo Lula tem “excesso de assistência social” e que “não pode se reeleger”, Ciro não só se lança presidenciável.  Ao se declarar “não sou bolsonarista, mas Bolsonaro sim”, ele se revela a alternativa para a elite, como também golpista como Bolsonaro.
            E, para evitar esse novo golpismo duplo, a população deve se atentar, uma vez que será tão vítima quanto a democracia nesse novo objetivo em nome do capital acumulativo e que não contribui para nada.
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