O NEGÓCIO DOS BOLSONARO
Após seduzir a galera,
então majoritária, com sua política de fake news em favor dos cidadãos de
bens e causar violência por anomia social, a matéria investigativa de Juliana
Dal Piva (UOL, hoje ICL) sobre os 51 de 107 imóveis comprados com grana viva pela
família.
O que surpreendeu foi o
número de imóveis de uma mesma família e, em geral, todos de alto valor, pelas
poucas imagens então divulgadas. Sem falar na investigação das rachadinhas
do filho 01. A matéria originou, depois, o livro O negócio do Jair, escrito por Dal Piva.
Tudo veio à tona durante o
seu governo sem a merecida atenção judicial, até que sua política destrutiva o
derrubou nas urnas em 2022. Hoje inelegível e réu na tentativa de golpe, Jair
vê seu filho Eduardo se licenciar do cargo e fugir da prisão para os EUA.
A fuga é real, mas é uma
estratégica nuvem de fumaça a esconder os intentos mais obscuros do 03. Afinal,
já foi exposto no blog que Eduardo Bolsonaro é o representante brasileiro da
internacional nazifascista, que agora ameaça até a pacata Nova Zelândia, contra os indígenas Maoris.
Mas a tese tem sua razão. Com
sua voz pra lá de esquisita e com vestido de festa, a mulher do 03 postou vídeo
mostrando aos seguidores espaçosos aposentos e a vista externa de uma imensa casa, que seria a “humilde
residência” de Eduardo, capaz de caber mais famílias de boa.
Segundo checagem do Estadão,
a casa situada no Texas foi sede de empresa de sociedade entre Eduardo e Paulo
Generoso, fechada em 2024. Mas outro vídeo mostra a mulher distribuindo cartões
aos vizinhos. Não se sabe se o deputado comprou o imóvel, mas a desconfiança é muito grande entre os internautas.
Caso seja propriedade de fato – falta confirmar –,
Eduardo mente ao afirmar que “dormimos em colchões infláveis”. Pelo
patrimônio juntado na remuneração mantida na Câmara, no ganho com a empresa e
na movimentação de R$ 1,6 milhão para os EUA, a família vive bem.
Não é ilegal comprar imóvel
residencial por lá, ninguém questiona isso. Desde que seja tudo dentro da lei e conforme a renda. É a fala dele que coopta mentes a
acreditar que não pode, daí a falácia de mansão de Xandão por lá. Tudo isso é
cortina de fumaça para manter a impunidade de uma família muito estranha.
Para saber mais
Enquanto aqui no Brasil a
geral comemorou inicialmente a decisão final do STF em colocar o ex-presidente
Jair Bolsonaro e seus capangas no inquérito da intentona de 8/1, um personagem conhecido da família Bolsonaro está na mira da Justiça: Leonardo Rodrigues de Jesus.
Mais conhecido como Léo
Índio – que de indígena não tem nada –, ele é primo dos três filhos mais
velhos do ex-presidente, por ser sobrinho da ex-mulher deste, Rogéria Nantes
Braga. Ficou na memória popular por ter dividido moradia com o primo vereador Carlos, com quem tem maior proximidade.
No governo de seu tio, ele tentou ingressar em
cargo de confiança e tentar a carreira política. Mesmo sem ser policial, foi indicado
por Carlos para chefiar 3 PFs na equipe de transição do em 2018, se candidatou
a deputado distrital no DF e a vereador em Cascavel (SC), sem sucesso em todas as tentativas.
Um dos milhares de
partícipes da intentona golpista, ele é um dos muitos que fugiram para a
Argentina visando escapar da prisão e acreditando na proteção do presidente argentino Javier Milei. A
pedido da PGR, Alexandre de Moraes (relator da ação) pediu a prisão preventiva
de Léo e demais foragidos.
Resultado de descumprimento
de ordem cautelar, a prisão preventiva fez com que Léo perdesse o aguardo
de julgamento em liberdade. Portanto, caso volte ao Brasil, o seu destino
imediato será a prisão. Mas ele pode ser extraditado, se houver pedido do
Brasil.
Portanto, é muito provável
que Léo Índio não volte ao Brasil – não tão cedo. Exceto através de acordo de
extradição entre os dois países. Só que, segundo um vídeo recentemente
divulgado nas redes, ele está em local ignorado (ou não revelado) a mais de 1000 km de Buenos
Aires.
Se ocorrer, a prisão poderá
ser vista como “só mais uma”. Ou mais do que isso. Afinal, Eduardo
Bolsonaro fugiu para os EUA, e Léo tem certo afeto do ex-presidente por ser
muito afim de Carlos. Ou seja, ela pode iniciar o desmantelamento do cerne do
núcleo golpista. Ou não.
Para saber mais
Todos os anos, o governo do momento tem a sua
popularidade testada pelos institutos de pesquisa, que são os mesmos que
fazem levantamentos sobre a intenção de voto. Boa parte da patuleia não
acredita nessas pesquisas, mas elas existem em todos os países, democráticos de
fato ou duvidosos.
Mandatário atual, Lula sempre gozou de forte
simpatia popular, graças à natural vocação de comunicador com sua linguagem
simples e direta, mesmo diante de grandes eventos e entrevistas coletivas. Seus
governos anteriores terminaram com mais de 80% de bom/ótimo.
Mas, como já escrito antes, desde 2023, os
levantamentos têm revelado números de aprove mais baixos do que antes. Os
fatores, já sabemos: mudança de mentalidade, onda de mentiras dos bolsonaristas
nas redes e prioridade em rádio e TV distante da patuleia em rede.
Em fevereiro, uma pesquisa da Genial Quaest
sobre avaliação do governo tem revelado números de aprovação tão baixos quanto
27% e mais de 50% de reprovação. A última avaliação já revela virada de 11 pontos, com queda
de 6 pontos na rejeição e subida de 5 pontos de aprovação.
Como cada pesquisa tem duas fases – a avaliação
e a intenção de voto se a eleição fosse no momento – entra um paradoxo: a
intenção de voto revela, nas duas pesquisas, que o presidente Lula lidera em
todos os seis cenários, conforme junção na figura deste texto.
Dado o momento corrente, os maus números sobre o
governo refletem a insistência de fatores como a influência bolsonarista na
mentalidade, as mentiras em rede, o viés mercadológico dos jornalões de massa e
comunicação fraca do governo, mesmo com Sidônio à frente.
Por outro lado, a tendência para a reversão da
impopularidade na pesquisa simulada de intenção de votos reflete a resposta
mais agressiva sobre investimentos de indústrias estrangeiras e consequente
empregabilidade, apesar dos juros – tudo isso noticiado pelas mídias.
Tal resposta também pode ser um contra-ataque
aos jornalões de massa, que insistem em desacreditá-lo em tendenciosos títulos,
e à oposição que armam maneiras de brecá-lo². Fatores, que, nas pesquisas,
revelam a relação contraditória dos populares com o governo.
Nota: ¹,² a ser
falado na próxima rapidinha.
Para saber mais
DIA MUNDIAL DA SAÚDE: OS MUITOS
DESAFIOS
Definida como bem-estar físico,
mental, emocional, psicossocial e ambiental, a saúde também tem
conceitos de natureza institucional e política. Desde os aforismos de
Hipócrates aos atuais sistemas abrangentes e personalizados de atendimento e
tratamento, dezenas de séculos se passaram.
Conforme momentos históricos e
políticos, muitos governos pelo mundo organizaram sistemas amplos para serviços
de saúde. Como o serviço britânico de saúde-previdência, que atendia
trabalhadores formais e inspirou o nosso ex-INAMPS, e o abrangente sistema Semashko,
criado por Lênin, na URSS.
O Semashko influenciou o
surgimento de organizações de saúde que atendem a populações isoladas na forme
e nas guerras, como a Médicos Sem Fronteiras (MSF), e foi o modelo inspirador
para o nascimento do nosso Sistema Único de Saúde (SUS), hoje referência global
em saúde pública.
Substituindo o modelo Semashko,
morto junto com a União Soviética, a filosofia de saúde para todos do SUS
inspirou outros países, cada qual à sua forma. Sempre se aprimorando conforme a
OMS, a saúde pública levou à erradicação de surtos e epidemias, e até da
recente pandemia de C19.
Por reconhecer essa importância
global da saúde pública, a ONU criou o Dia Mundial da Saúde, fixado em 7
de abril, homenageando trabalhadores do setor do mundo todo. Mas, para os
responsáveis na linha de frente por salvar vidas, o dia é só mais um na dura
rotina repleta de diferentes desafios.
Guerras lá fora que eliminam
hospitais, mudanças climáticas globais, impedimentos religiosos à saúde
feminina em alguns países, profissionais antifascistas demitidos nos EUA,
doações escassas ao MSF e ameaça privatista na saúde pública brasileira são os principais
desafios enfrentados.
O dia 7/4 é lembrado por todos
os profissionais de saúde por serem reconhecidos pela ONU. Mas seu trabalho de
remar contra a maré das mortes evitáveis é árduo demais para ser comemorado e
mostrar seu valor. Pois, por meio das guerras ou em canetadas com governos, o
capital espreita para devorar a saúde pública.
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