Witzel e o desfecho do sequestro na Rio-Niterói: acerto ou erro?
Um evento adverso ocorreu na ponte Rio-Niterói bem cedo nesta manhã, parando a rotina desse início de dia. Um homem entra num ônibus e rende passageiros com uma pistola de plástico e uma faca. Isso foi tudo que eu soube.
A PM e sua elite, o Bope, foram acionadas. Área cercada e negociações iniciadas com o homem. Ao final, seis disparos certeiros. Entre muitos dos curiosos, uma efusiva comemoração, alguns gritando "É Bolsonaro!".
O fato foi largamente noticiado pela mídia. Na Globo, passou no Bom Dia Brasil e no Bom Dia Rio, e em portais noticiosos online.
Um dado importante é a comemoração. Entre os populares, o fim de um pesadelo momentâneo, do qual todos os passageiros escaparam ilesos. Mas, e o governador Wilson Witzel, que mais pareceu um torcedor fanático de futebol?
Mesmo que a circunstância do desfecho tenha sido legalmente prevista, aquela comemoração estupenda chama a atenção para reflexão.
A reflexão está em saber se o comemorado foi o desfecho bem-sucedido ou se foi a morte do homem que atemorizou os passageiros.
Cumprindo sua promessa de campanha de "atirar na cabecinha", o governo Witzel completou 7 meses com mais de 440 mortes por ação de snipers da PM, todas por ele comemoradas.
Duvida-se que todos fossem criminosos com fuzil: estes se espalham entre o povo, apenas uns poucos em pontos fixos em toda a comunidade. Do alto de uma aeronave pouco se distingue a arma de outro objeto, ou de uma criança de colo.
Mesmo conforme previsão legal, uma operação policial positiva é bem-sucedida, sendo só feliz se não incorrer em morte. O que já injustifica tamanha felicidade desse governador.
O que por si já mostra o caráter de Witzel, cuja necropolítica é o cerne central, no lugar de agregar melhoras, mesmo tímidas, em políticas públicas essenciais. Resumo: sua dopamina, ou adrenalina, é exterminar pobres das comunidades.
E podemos nos preparar para o pior: a operação bem-feita alavancou a imagem do governador, que certamente despontará para reeleição, ou se candidatar a presidente da República.
terça-feira, 20 de agosto de 2019
quarta-feira, 14 de agosto de 2019
Novelas bíblicas como patrimônio: perigos ao Brasil
Um projeto de lei que dispõe sobre o valor de patrimônio cultural das novelas bíblicas brasileiras foi elaborado recentemente por alguns deputados da bancada evangélica da Alerj.
Ainda está para ser analisado para votação, mas alguns colegas já houve quem desse a sua posição após análise prévia do documento.
Chama a atenção o teor seletivo, por só mencionar novelas bíblicas, feitas pela Record, de Edir Macedo, fundador da hoje poderosa IURD, cuja influência levou à fundação do Partido Republicano Brasileiro (PRB).
E sabemos que o PRB hoje é um partido mediano, um dos que mais abarcam políticos da histriônica bancada evangélica, a mais numerosa do legislativo federal, juntando gente do Partido Social Cristão (PSC), do pastor paulista Marco Feliciano.
Detalhes que confirmam o teor ideológico do projeto, pois há tempo que há instituições evangélicas que atuam como espaços ideológicos em que os seus líderes incitam os fiéis a votarem em certos candidatos.
Como o projeto é publicado de imediato pelo portal da Alerj, se torna acessível para qualquer um. O que pode despertar o interesse do presidente Jair Bolsonaro, agora próximo de Macedo.
Se isso acontecer de fato, a oposição fará forte crítica à superfluidade e ideologia do projeto. Afinal, independente do gênero, a teledramaturgia brasileira é considerada insuperável em numerosos países.
Mas, claro, em acirrado confronto da oposição com as bancadas que defendem a política de supremacia cristã do governo.
O que pode ser um perigo básico de aprofundamento das violações crescentes de direitos humanos no país.
Enquanto isso, as camadas populares vêem mais distante a possibilidade de melhora nas políticas públicas essenciais, com o aprove de medidas entreguistas e o fim da previdência.
A briga das novelas, bíblicas ou não, apenas acrescentará mais um perigo de anomia social marcada pelo total desregramento das leis e abandono dos poderes públicos. Para deleite da IURD e correlatas.
domingo, 11 de agosto de 2019
Novelas bíblicas como patrimônio: só elas?
Na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), os deputados Carlos Macedo, Daniel Librelon e Tia Ju (todos do PRB) e Rosemberg Reis (MDB) ensejam o reconhecimento, pela entidade, das novelas bíblicas como patrimônio imaterial do estado.
Nada demais no projeto, senão por duas razões óbvias: com provável exceção de Reis, que não revelou sua igreja, os demais são da IURD, sendo os dois primeiros citados bispos e Tia Ju fiel influente da igreja; e só a Record produz tais novelas no país.
E todos sabem que a Record e a IURD praticamente se confundem, pois estão ligadas ao "papa" Edir Macedo. Ah, e o PRB também foi fundado pela IURD, como parte do projeto de poder do próprio Macedo.
Daí o projeto ser alvo de críticas. Carlos Minc (PSB) aponta a prioridade em "temas de besteirol ideológico", a indiferença dos proponentes a temas urgentes como saúde, educação e segurança, e o gasto de tempo e grana pública com algo sem utilidade.
Minc não tencionou atacar evangélicos: as grandes igrejas têm se assumido como instituições ideológicas ao priorizar políticas de seu interesse direto, a incitação à eleição de candidatos ligados e a citada fundação do PRB pela IURD. O resto não importa para eles.
Outro ponto a merecer pauta e que faz jus ao título deste artigo é a seletividade: o projeto só trata de novelas bíblicas, sem menção das restantes, grandes sucessos da teledramaturgia.
De fato, o projeto dos proponentes mostra-lhes a ignorância, senão interesse sectário: há muito as novelas brasileiras são apreciadas em diversos países, capitalistas ou não. Só na antiga URSS, a primeira versão da "Escrava Isaura" já foi reprisada várias vezes.
A nossa teledramaturgia no exterior, liderada de longe pela grade da Globo, não só mostra o seu valor como fonte extra às emissoras, mas também nos revela que nossas novelas já eram vistas como patrimônio cultural. Só o Brasil talvez não percebesse isso.
Mas, quem sabe, o interesse dos proponentes da Alerj seja o de sobrepor o valor das novelas bíblicas ao das tradicionais novelas globais: afinal, o que vale para eles são o interesse econômico e o avançar do projeto de poder do "papa" da IURD.
Na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), os deputados Carlos Macedo, Daniel Librelon e Tia Ju (todos do PRB) e Rosemberg Reis (MDB) ensejam o reconhecimento, pela entidade, das novelas bíblicas como patrimônio imaterial do estado.
Nada demais no projeto, senão por duas razões óbvias: com provável exceção de Reis, que não revelou sua igreja, os demais são da IURD, sendo os dois primeiros citados bispos e Tia Ju fiel influente da igreja; e só a Record produz tais novelas no país.
E todos sabem que a Record e a IURD praticamente se confundem, pois estão ligadas ao "papa" Edir Macedo. Ah, e o PRB também foi fundado pela IURD, como parte do projeto de poder do próprio Macedo.
Daí o projeto ser alvo de críticas. Carlos Minc (PSB) aponta a prioridade em "temas de besteirol ideológico", a indiferença dos proponentes a temas urgentes como saúde, educação e segurança, e o gasto de tempo e grana pública com algo sem utilidade.
Minc não tencionou atacar evangélicos: as grandes igrejas têm se assumido como instituições ideológicas ao priorizar políticas de seu interesse direto, a incitação à eleição de candidatos ligados e a citada fundação do PRB pela IURD. O resto não importa para eles.
Outro ponto a merecer pauta e que faz jus ao título deste artigo é a seletividade: o projeto só trata de novelas bíblicas, sem menção das restantes, grandes sucessos da teledramaturgia.
De fato, o projeto dos proponentes mostra-lhes a ignorância, senão interesse sectário: há muito as novelas brasileiras são apreciadas em diversos países, capitalistas ou não. Só na antiga URSS, a primeira versão da "Escrava Isaura" já foi reprisada várias vezes.
A nossa teledramaturgia no exterior, liderada de longe pela grade da Globo, não só mostra o seu valor como fonte extra às emissoras, mas também nos revela que nossas novelas já eram vistas como patrimônio cultural. Só o Brasil talvez não percebesse isso.
Mas, quem sabe, o interesse dos proponentes da Alerj seja o de sobrepor o valor das novelas bíblicas ao das tradicionais novelas globais: afinal, o que vale para eles são o interesse econômico e o avançar do projeto de poder do "papa" da IURD.
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
O governo Bolsonaro é mesmo uma ditadura?
Bolsonaro foi eleito por aqueles que, em sua maioria, queria um Brasil novamente "nos eixos", com "valores e regras tradicionais e definidos", como nos tempos dos militares.
Assim como seu vice, vários ministros e outros do alto escalão são militares, nomeando-os para substituir quem lhe desagrade os caprichos ideológicos e pessoais, não importando as consequências sócio-institucionais disso.
Como na ditadura, governa por decretos. Extinguiu dezenas de conselhos populares, afastando o povo das decisões políticas. Com Guedes dissolve aos poucos direitos sociais com "reformas" draconianas, e dá velado apoio a Moro na deturpação dos princípios de justiça.
Mas outros não partilham dessa visão. O humorista Fábio Porchat, do canal Porta dos Fundos, diz no Globo de 29/7/2019 que "É uma época ótima para fazer piada. Difícil foi na ditadura. Difícil é fazer humor para o censor. [...]. O humor não está sendo podado, não está tendo uma censura ao humor".
Dessa afirmação compartilha o filósofo Paulo Ghiraldelli, em seu canal do YouTube, no vídeo intitulado Sob que regime vivemos, de 27/7/2019:
O estilo autoritário e autocrático do governo faz confundir com ditadura. E, a julgar pelo exposto, é um quadro muito, muito sombrio, e o desconhecimento de setores de luta sobre isso mantém a porta aberta para o caos anômico do bolsonarismo.
Bolsonaro foi eleito por aqueles que, em sua maioria, queria um Brasil novamente "nos eixos", com "valores e regras tradicionais e definidos", como nos tempos dos militares.
Assim como seu vice, vários ministros e outros do alto escalão são militares, nomeando-os para substituir quem lhe desagrade os caprichos ideológicos e pessoais, não importando as consequências sócio-institucionais disso.
Como na ditadura, governa por decretos. Extinguiu dezenas de conselhos populares, afastando o povo das decisões políticas. Com Guedes dissolve aos poucos direitos sociais com "reformas" draconianas, e dá velado apoio a Moro na deturpação dos princípios de justiça.
Se diz o "Johnny Bravo", em alusão ao personagem de HQ macho, fortão e branco, uma grotesca caricatura do jovem estadunidense estiloso, mas fracassado e sem perspectiva.
Assume postura vergonhosamente arrogante em público, com palavrões sobre sua posição e abandonos súbitos de entrevistas ao ouvir uma pergunta certamente desagradável ou que parta de uma mulher.
É indiferente ao abate progressivo de lideranças populares fora de Brasília, apoia invasões em terras indígenas e reservas ambientais, matando habitantes e a floresta e fomenta o ódio coletivo a opositores e minorias.
Assiste com indiferença ao abate progressivo de lideranças populares fora de Brasília e invasões em terras indígenas, matando algumas pessoas e a floresta, e fomenta o ódio coletivo a opositores e minorias.
Na surdina demite um renomado diplomata para indicar o pupilo Eduardo Bolsonaro à embaixada dos EUA. Uma estratégia de intempestiva investida estadunidense nas riquezas enterradas nas áreas indígenas e de proteção ambiental.
É indiferente ao abate progressivo de lideranças populares fora de Brasília, apoia invasões em terras indígenas e reservas ambientais, matando habitantes e a floresta e fomenta o ódio coletivo a opositores e minorias.
Assiste com indiferença ao abate progressivo de lideranças populares fora de Brasília e invasões em terras indígenas, matando algumas pessoas e a floresta, e fomenta o ódio coletivo a opositores e minorias.
Na surdina demite um renomado diplomata para indicar o pupilo Eduardo Bolsonaro à embaixada dos EUA. Uma estratégia de intempestiva investida estadunidense nas riquezas enterradas nas áreas indígenas e de proteção ambiental.
A maioria dos setores de esquerda vê no governo Bolsonaro uma nova ditadura, mas com outra roupagem. Parece concordar com isso o sociólogo espanhol Manuel Castells, em O Globo de 17/7/2019:
"Por que se ataca Paulo Freire? Porque no mundo, e não só no Brasil, ele é um símbolo. (Na) Universidade Stanford [...] ele era adorado, porque seus princípios são adaptados ao que é a nova sociedade: criar pessoas livres e autônomas, capazes de promover sua própria aprendizagem, guiados por seus professores. Isso é muito perigoso para aqueles que querem manipular. Paulo Freire é liberdade, e a liberdade é agora o maior obstáculo que existe para que se siga desenvolvendo essa ditadura sutil que estão tentando impor ao Brasil".
Mas outros não partilham dessa visão. O humorista Fábio Porchat, do canal Porta dos Fundos, diz no Globo de 29/7/2019 que "É uma época ótima para fazer piada. Difícil foi na ditadura. Difícil é fazer humor para o censor. [...]. O humor não está sendo podado, não está tendo uma censura ao humor".
Dessa afirmação compartilha o filósofo Paulo Ghiraldelli, em seu canal do YouTube, no vídeo intitulado Sob que regime vivemos, de 27/7/2019:
Ghiraldelli explica que a liberdade das publicações pode se manter, mas o regime é bem pior do que a ditadura devido à deturpação completa das leis e o comando social das milícias, com o autoritário aval governamental."É um regime de anti-ditadura, de desregramento das leis, de destruição do Estado e da sociedade [...], podendo levar a uma anomia social: podemos acordar no dia seguinte comandado por milícias" (com adaptações).
O estilo autoritário e autocrático do governo faz confundir com ditadura. E, a julgar pelo exposto, é um quadro muito, muito sombrio, e o desconhecimento de setores de luta sobre isso mantém a porta aberta para o caos anômico do bolsonarismo.
sábado, 3 de agosto de 2019
A polêmica Portaria 666 de Moro
Dada a evidência crescente da legitimidade do trabalho da The Intercept sobre sua atuação ilegal na Lava-Jato, e o seu controverso pacote anticrime estático no legislativo, o ministro da justiça Sergio Moro parte para a sua Portaria 666.
Ela caiu fácil no conhecimento popular, graças ao número, de significado conhecido para o cristianismo. Seu cerne dispõe sobre a deportação de estrangeiros que ofereçam ou possam oferecer perigo ao país, como o terrorismo ou a sua incitação.
Segundo a nossa Lei Antiterrorismo, elaborada ainda no governo Dilma em 2013, terror é "qualquer crime que ponha em risco a soberania, a ordem interna e a vida no país".
Conceito vago, mas algo assustador. Afinal, 2013 foi o ano dos grandes manifestos de rua populares no país, pegando Brasília de surpresa. Muitos parlamentares usaram o termo terrorismo visando criminalizar os movimentos.
Não por acaso, o conteúdo da Portaria 666 de Moro surpreendeu os apoiadores de Glenn Greenwald, protagonista do derrame da ação criminosa de Moro. Afinal, o bem reconhecido jornalista estadunidense é alvo do sentimento vingativo do ministro.
O temor dos simpatizantes é amenizado pela coragem firme de Glenn diante diante das ameaças. Afinal, a Constituição acoberta o sigilo da fonte nos trabalhos do jornalismo investigativo, o que legitima o trabalho da The Intercept.
Assim como o pacote anticrime, a portaria 666 coleciona polêmicas. Não aprofunda o conceito vago do risco de terror, não especifica os crimes, e prevê a deportação como "rápida, eficiente e sistemática", num reflexo claro do caráter autoritário do atual governo.
Dada a evidência crescente da legitimidade do trabalho da The Intercept sobre sua atuação ilegal na Lava-Jato, e o seu controverso pacote anticrime estático no legislativo, o ministro da justiça Sergio Moro parte para a sua Portaria 666.
Ela caiu fácil no conhecimento popular, graças ao número, de significado conhecido para o cristianismo. Seu cerne dispõe sobre a deportação de estrangeiros que ofereçam ou possam oferecer perigo ao país, como o terrorismo ou a sua incitação.
Segundo a nossa Lei Antiterrorismo, elaborada ainda no governo Dilma em 2013, terror é "qualquer crime que ponha em risco a soberania, a ordem interna e a vida no país".
Conceito vago, mas algo assustador. Afinal, 2013 foi o ano dos grandes manifestos de rua populares no país, pegando Brasília de surpresa. Muitos parlamentares usaram o termo terrorismo visando criminalizar os movimentos.
Não por acaso, o conteúdo da Portaria 666 de Moro surpreendeu os apoiadores de Glenn Greenwald, protagonista do derrame da ação criminosa de Moro. Afinal, o bem reconhecido jornalista estadunidense é alvo do sentimento vingativo do ministro.
O temor dos simpatizantes é amenizado pela coragem firme de Glenn diante diante das ameaças. Afinal, a Constituição acoberta o sigilo da fonte nos trabalhos do jornalismo investigativo, o que legitima o trabalho da The Intercept.
Assim como o pacote anticrime, a portaria 666 coleciona polêmicas. Não aprofunda o conceito vago do risco de terror, não especifica os crimes, e prevê a deportação como "rápida, eficiente e sistemática", num reflexo claro do caráter autoritário do atual governo.
Bolsonaro e os impropérios: os limites do presidente
Nesses últimos 11 dias, enquanto o legislativo federal tem se movimentado para votações de medidas governamentais pendentes, várias delas bem controversas, o presidente Bolsonaro chamou os holofotes da mídia para si.
Tudo por conta do destempero expressado pela metralhadora de impropérios jocosos e insultos dirigidos a diferentes alvos, de preferência os de força política nesse momento mais fraca, não importa a profissão e se está vivo ou não.
Jornalistas, servidores públicos de baixo escalão, movimentos sociais, étnicos e religiosos adversários, LGBTQs, povos originários (índios, quilombolas, outros), religiosos não cristãos, pobres, mulheres. Ah!, com essas, um fetiche!
Com exceção das mulheres, cada grupo é de fato minoria estatística. Mas, reunidos nesse imenso mosaico, representam a quase totalidade da população brasileira.
Talvez por conta dessa massa reunida, as reações nas redes sociais à metralhadora giratória foram dominantemente negativas. Até entre alguns bolsonaristas. Mas, até o momento, poucos representantes responderam aos ataques: a OAB, a Comissão da Verdade, a ABI.
A OAB, através de seu presidente Fernando Santa Cruz, respondeu aos ataques contra o seu pai, morto pelos militares na ditadura nos anos 1970. Sua avó faleceu recentemente, aos 105 anos, sem saber do paradeiro de seu filho, Felipe Santa Cruz.
Fernando Santa Cruz teve a solidariedade de um grupo de dezenas de ex-presidentes da entidade e outros juristas. Um dos nomes da deposição de Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr. defende a interdição de Bolsonaro.
Em defesa à liberdade de imprensa, à classe jornalística e a Glenn Greenwald, ameaçado pelo presidente, a ABI teve a sua sede ocupada por uma manifestação de milhares de pessoas que manifestavam apoio, estendendo-se à liberdade de Lula.
A nota pública da OAB destaca que todos, também o presidente da República, se submetem à Carta Magna, como princípio de universalidade da lei. Portanto, um líder máximo como o presidente deve se dirigir com decoro a todos, independente de suas posições pessoais.
A carta explica claramente que o indecoro político contra quem não concorda com as suas posições e visões afronta a lei. E o indecoro de Bolsonaro é repleto de mentiras.
Além disso, as declarações têm impacto importante, em campos diplomático e econômico. No primeiro desagrada e distancia, e a distância continuada pelos reiterados impropérios leva a boicotes na ordem macroeconômica.
Mas, quase certamente, Bolsonaro não leu a Constituição.
Nesses últimos 11 dias, enquanto o legislativo federal tem se movimentado para votações de medidas governamentais pendentes, várias delas bem controversas, o presidente Bolsonaro chamou os holofotes da mídia para si.
Tudo por conta do destempero expressado pela metralhadora de impropérios jocosos e insultos dirigidos a diferentes alvos, de preferência os de força política nesse momento mais fraca, não importa a profissão e se está vivo ou não.
Jornalistas, servidores públicos de baixo escalão, movimentos sociais, étnicos e religiosos adversários, LGBTQs, povos originários (índios, quilombolas, outros), religiosos não cristãos, pobres, mulheres. Ah!, com essas, um fetiche!
Com exceção das mulheres, cada grupo é de fato minoria estatística. Mas, reunidos nesse imenso mosaico, representam a quase totalidade da população brasileira.
Talvez por conta dessa massa reunida, as reações nas redes sociais à metralhadora giratória foram dominantemente negativas. Até entre alguns bolsonaristas. Mas, até o momento, poucos representantes responderam aos ataques: a OAB, a Comissão da Verdade, a ABI.
A OAB, através de seu presidente Fernando Santa Cruz, respondeu aos ataques contra o seu pai, morto pelos militares na ditadura nos anos 1970. Sua avó faleceu recentemente, aos 105 anos, sem saber do paradeiro de seu filho, Felipe Santa Cruz.
Fernando Santa Cruz teve a solidariedade de um grupo de dezenas de ex-presidentes da entidade e outros juristas. Um dos nomes da deposição de Dilma Rousseff, Miguel Reale Jr. defende a interdição de Bolsonaro.
Em defesa à liberdade de imprensa, à classe jornalística e a Glenn Greenwald, ameaçado pelo presidente, a ABI teve a sua sede ocupada por uma manifestação de milhares de pessoas que manifestavam apoio, estendendo-se à liberdade de Lula.
A nota pública da OAB destaca que todos, também o presidente da República, se submetem à Carta Magna, como princípio de universalidade da lei. Portanto, um líder máximo como o presidente deve se dirigir com decoro a todos, independente de suas posições pessoais.
A carta explica claramente que o indecoro político contra quem não concorda com as suas posições e visões afronta a lei. E o indecoro de Bolsonaro é repleto de mentiras.
Além disso, as declarações têm impacto importante, em campos diplomático e econômico. No primeiro desagrada e distancia, e a distância continuada pelos reiterados impropérios leva a boicotes na ordem macroeconômica.
Mas, quase certamente, Bolsonaro não leu a Constituição.
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