quinta-feira, 9 de agosto de 2018


Judiciário: o crime, o privilégio e a crise
O judiciário brasileiro tem ganhado destaque no atual governo, pela sua forte proximidade com as classes governantes. Há um antagonismo entre a visão oficial e a popular sobre certos delitos e os réus. Vejamos alguns fatos conhecidos:
Bandido da Luz Vermelha: vindo de família pobre de SC, o criminoso foi condenado a mais de 100 anos de prisão por assaltos em residências, estupros e homicídios, cumprindo 30 deles por ser pena máxima no nosso código penal. Cumpriu-a integralmente, em regime fechado.
Thor Batista: o carro do filho de Eike Batista atropelou um ciclista numa via expressa carioca. O ciclista morreu. O velocímetro revelou alta velocidade (e direção perigosa). Thor se apresentou em delegacia e tudo, mas segue livre, leve e solto em seus possantes e o fato foi esquecido.
Galdino: O índio pataxó Galdino dormia em banco de praça pública em Brasília após participar de evento indígena, quando foi queimado vivo por cinco jovens “de classe média”. Faleceu no hospital. Apesar da longa repercussão midiática e popular, os rapazes, de famílias de megaempresários e políticos, estão impunes até hoje.
Marielle Franco: A recente execução da vereadora carioca do PSOL de início repercutiu forte na mídia e na população. Agora, a nossa imprensa mal aborda a respeito das investigações, mas na Europa a repercussão segue forte, com direito a manifestos populares pela punição dos envolvidos.
Tais fatos revelam que interesses de classe podem superar a gravidade do delito nas decisões judiciais. O fato de a justiça sempre funcionar seletivamente, mantendo impunes os mais abastados e influentes, revela a sua grave e crônica crise sócio identitária, traduzida em 60% da população carcerária ser composta de pobres aguardando julgamento, superlotando sem necessidade os presídios e ajudando a alimentar a violência.

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