Sem a PRF seria uma
discrepância
Neste blog há dois textos abordando analiticamente
sobre as atipicidades eleitorais: o do primeiro turno com o protagonismo gospel
divulgando fake news; e o do segundo, desta vez com a ação pra lá de
suspeita da PRF nas estradas nordestinas na hora eleitoral.
2023: incentivada pelo governo, a CPMI do 8/1 começa aterrorizando
os bolsonaristas, que tentam a estratégia do tumulto, mentiras ou memes para desestabilizar.
Agora, o depoente é Silvinei Vasques¹, ex-diretor da
PRF por trás das ocorrências nas estradas nordestinas no 2º turno eleitoral. À
moda bolsonarista, ele marca presença distorcendo dados na cara dura, mesmo sendo
desmascarado pelos governistas.
Em 20/6, a relatora Eliziane Gama quase teve crise nervosa
com o turbulento Éder Mauro, que deixou a CPI do MST (da qual é membro) de lado
para ir ao Senado fazer o que unicamente sabe: tumultuar com insultos, só para
atrapalhar e tomar tempo. Tática bolsonarista.
Nesse 21/6, Silvinei compareceu para dar continuidade
– ou ter arrancada a verdade pelos governistas. Após o sermão do senador
Contarato (PT-ES), foi a vez do deputado Henrique Vieira desmascará-lo com
números que revelam a abordagem ilegal da PRF nas estradas nordestinas no dia do segundo turno.
Relevância da CPMI –
desde a CPI da C19 em 2021, CPI e CPMI passaram a propiciar audiência garantida
para as TVs do legislativo federal. A do 8/1 tem relevância pelo julgamento dos
fatos do 8/1, seus financiadores e mentores intelectuais.
Mas a relevância não se restringe à audiência que dá
importância à comissão em si. Há outro fator de valor ainda maior, que se
evidencia nas informações dos parlamentares membros com o ex-diretor da PRF: é
a abertura de portas para a inferência que terminou no escore estreito do pleito.
Disparidade eleitoral –
como já adiantado no artigo das atipicidades eleitorais no 2º turno, a ação
impeditiva da PRF nas estradas nordestinas e no norte de MG (reduto lulista)
ocasionou uma abstenção artificial, forçada, que desencadeou em menor diferença
final entre os candidatos.
Nesse sentido, se não houvesse toda sorte de
tentativas de fraude eleitoral com o objetivo de derrotar Lula, a discrepância final entre os candidatos seria bem maior. Talvez Lula alcançaria um escore próximo
de 60% dos votos, ou, quiçá, pouco mais do que isso.
A crescente aprovação do atual governo entre eleitores
de Bolsonaro na recente pesquisa da Genial Quaest evidencia a chance de discrepância
que haveria, na ausência das tentativas citadas de fraude eleitoral, em
especial a da PRF nas estradas nordestinas.
Nota da autoria
¹ nomeado por Bolsonaro, foi aposentado no calor da exposição midiática dos fatos e ação do STF.
Para saber mais
- https://www.youtube.com/watch?v=6s0bWKs_c6w
(Mídia Ninja, sobre os dados relevantes da ação criminosa da PRF, com pastor
Henrique Vieira)
- https://maquinandopensamentos.blogspot.com/2022/10/analise-atipicidades-da-eleicao-2022.html (1º turno)
- https://maquinandopensamentos.blogspot.com/2022/11/analise-atipicidades-da-eleicao-2-turno.html
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Aos bolsonaristas, a decrepitude
Durante as comissões parlamentares de inquérito (CPIs)
mistas ou não, desde a legislatura 2018-22 temos visto um comportamento característico
dos parlamentares bolsonaristas além das mentiras: o tumulto, com gritaria de
protesto no plenário durante os depoimentos.
Na marcante CPI da C19 (2021), o tumulto dos
bolsonaristas ocorreu durante as falas de alguns depoentes, como o
ex-governador do RJ Wilson Witzel, e dois militares (um deles Edu Pazuello)
envolvidos em esquemas criminosos envolvendo vacinas no ministério da Saúde.
O objetivo básico é atrapalhar ou obstruir a obtenção
de dados comprometedores inevitáveis em depoimentos, como, por exemplo, a revelação de envolvimento
direto do ex-presidente da República, com ajuda de aliados como pastores ou empresários,
junto a agentes operacionais.
Nesse andar da carruagem, em que o próprio
ex-presidente aparentemente jogou a toalha em aceitação de derrota política e
judicial e Lula segue firme em seu governo com uma vitória, há duas CPIs em
andamento: a do MST (na Câmara) e a do 8/1 (mista de deputados e senadores).
Na CPI do MST não tem havido tumulto por conta do domínio
de bolsonaristas em sua direção. Por outro lado, governistas ora são sistematicamente
interrompidos nas suas falas ou nas perguntas, ou quando lhes chega a vez, a relatoria
libera o depoente impedindo o interrogatório.
A CPI do MST é uma empreitada ideológica comandada por
latifundiários bolsonaristas que financiam os nomes da direção. Uma forma de
mostrar que o bolsonarismo mede forças com os neutros e governistas à frente da
CPI do 8/1 no DF e da sua versão mista federal.
Intrusão – o espetaculoso deputado
federal “delegado” Éder Mauro (PL-RO), membro da CPI do MST, apareceu na
audiência da CPMI do 8/1. Na intenção de obstruir ou atrapalhar, ele tumultuou
com ofensas misóginas para a relatora Eliziane Gama (PSD-MA), que respondeu à altura.
O tumulto ocorreu durante o depoimento do ex-diretor
da PRF Silvinei Vasques. É bem possível que a aparição de Éder Mauro tenha sido estratégia
no silencioso mando dos presentes e alegres Flávio e Eduardo Bolsonaro.
Tragédia intelectual – o
tumulto dos bolsonaristas não é só falta de argumentação capaz de refutar as
exposições do interrogante¹ – uma tragédia intelectual. Ele vai mais além: é o
nível mais baixo alcançado na história do Legislativo brasileiro. É a decrepitude
maximizada, também moral.
Nessa hora, nomes de outrora como Ulysses Guimarães e correlatos
já devem estar se revirando nas suas respectivas câmaras mortuárias de pura vergonha. Mais ainda, pela sua
capilaridade popular.
Nota da autoria
¹ a pessoa que interroga, pergunta, indaga.
Sal Ross
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